Link para três livros de estudos amazônicos.
http://www.mediafire.com/file/y2f7hqwdd0j4bqa/Livros_Estudos_Amaz%25C3%25B4nicos.rar/file
copiem e colem no navegador ou cliquem no link acima.
lembrando que vcs devem ter o winrar ou outro descompactador instalado no pc, smartphone ou tablet
Estudos Amazônicos
Este blog foi criado para servir como uma ferramenta para auxiliar alunos em suas pesquisas e professores de Estudos Amazônicos na difícil tarefa de reunir conteúdo para a ministração de nossas aulas. Bom proveito!!
Arquivo do blog
sexta-feira, 3 de janeiro de 2020
segunda-feira, 25 de março de 2019
A “floresta urbanizada” - ppt carregar
A “floresta urbanizada” - ppt carregar: Pressupostos teórico-metodológicos O espaço é produzido social e historicamente; Forte vínculo com crescimento econômico (heterogêneo e descontínuo) Eixos diferenciados (dimensões e perfis urbanos diferenciados) Imbricação urbano-rural
Criei um grupo de whatsapp sobre a disciplina de estudos amazônicos.
Quem se interessar, o link do grupo é este aqui: https://chat.whatsapp.com/LTA9JAWztcw1dc18TLhlhz
Quem se interessar, o link do grupo é este aqui: https://chat.whatsapp.com/LTA9JAWztcw1dc18TLhlhz
domingo, 24 de fevereiro de 2019
sexta-feira, 20 de julho de 2018
6º ano 2º semestre
OS ESTADOS DA AMAZÔNIA
Acre
A incorporação do Acre ao
Brasil foi um fato singular na história do país: deveu-se às populações do
Nordeste, que povoaram o território e o tornaram produtivo, repetindo proeza
dos bandeirantes dos séculos XVI e XVII.
A ocupação da região começou
na segunda metade do século XIX, quando nordestinos flagelados pelas secas
acorreram para lá em busca da riqueza natural dos seringais. No entanto, a
incorporação definitiva do Acre ao Brasil se deu no começo do século XX, após
décadas de conflitos armados e disputas diplomáticas com a Bolívia e o Peru.
O estado do Acre situa-se no
sudoeste da Amazônia brasileira, na região Norte, onde ocupa uma área de
153.150km2. Limita-se com o estado do Amazonas, ao norte; o Peru, ao sul; a
Bolívia, a sudeste; e o estado de Rondônia, a leste. Sua capital é Rio Branco.
Geografia física
Praticamente todo o relevo do
estado do Acre se integra no baixo platô arenítico, ou terra firme, unidade
morfológica que domina a maior parte da Amazônia brasileira. Esses terrenos se
inclinam, no Acre, de sudoeste para nordeste, com topografia, em geral,
tabular. No extremo oeste se encontra a serra da Contamana ou do Divisor, ao
longo da fronteira ocidental, com as maiores altitudes do estado (609m). Cerca
de 63% da superfície estadual fica entre 200 e 300m de altitude; 16% entre 300
e 609; e 21% entre 200 e 135.
O clima é quente e muito úmido,
do tipo Am de Köppen, e as temperaturas médias mensais variam entre 24 e 27o C.
As chuvas atingem o total anual de 2.100mm, com uma nítida estação seca nos
meses de junho, julho e agosto. A floresta amazônica recobre todo o território
estadual. Muito rica em seringueiras da espécie mais valiosa (Hevea
brasiliensis), a floresta garante ao Acre o lugar de primeiro produtor nacional
de borracha. Os principais rios do Acre, navegáveis apenas nas cheias (Juruá,
Tarauacá, Embira, Purus, Iaco e Acre), atravessam o estado com cursos quase
paralelos e só vão confluir fora de seu território.
População
É escassa a população do
estado. Mais da metade concentra-se em dois municípios, Rio Branco e Cruzeiro
do Sul. A distribuição geográfica da população, dispersa ao longo dos rios,
reflete a dependência da navegação fluvial para as comunicações. Pouco mais da
metade dos habitantes vive na zona rural, e cerca de sessenta por cento da
população ativa ocupa-se de atividades extrativas. Povoações distantes entre si
por dias de caminhada pela floresta e que por vezes, no período das chuvas,
ficam completamente isoladas, dificultam a irradiação da saúde pública. Dos
municípios, apenas Rio Branco tem abastecimento de água encanada, mas não
possui serviço de esgoto, o que impede o controle da disenteria amebiana
endêmica. A malária é a maior causa de mortalidade infantil.
Economia
A economia acreana repousa na
exploração de recursos naturais. O mais importante é a borracha, produto no
qual se baseou o povoamento da região. A extração da borracha se faz ao longo
dos rios, pois a seringueira é árvore de mata de igapó. Os tipos produzidos são
caucho, cernambi caucho, cernambi rama e cernambi seringa. A maior parte da
produção estadual cabe à bacia do rio Purus. Nessa região destaca-se o vale do
rio Acre, que, além de possuir o maior número de seringueiras, é também região
rica em castanheiras. A floresta acreana é também objeto de exploração
madeireira, e a caça nela praticada parece contribuir de forma substancial para
a alimentação local.
A agricultura reduz-se a
pequenas culturas de mandioca, feijão, cana-de-açúcar e arroz. A indústria de
transformação compreende pouco mais que algumas serrarias e pequenas fábricas
de rapadura e de farinha de mandioca.
Como os rios mantêm no estado
cursos aproximadamente paralelos, as comunicações entre os diversos vales se
fazem pelas confluências, o que envolve longos percursos. Com a conclusão das
estradas que integram a ligação Rio Branco-Porto Velho-Cuiabá-Limeira, o Acre
passou a contar com transporte rodoviário para o Sudeste do país.
Amazonas
O nome Amazonas, que se transmitiu do rio à região e, depois,
ao maior estado do Brasil, deve-se ao espanhol Francisco de Orellana, que em
1541 afirmou ter combatido uma tribo de mulheres aguerridas. Comparou-as às
amazonas, guerreiras lendárias que amputavam o seio direito para melhor
manejarem o arco.
Cortado pela linha do equador
em sua porção setentrional, o estado do Amazonas limita-se a leste com o Pará,
ao norte com Roraima e a Venezuela, a oeste com a Colômbia e o Peru, e ao sul
com Acre, Rondônia e Mato Grosso. É o mais extenso dos estados brasileiros, com
uma área de 1.577.820km2, o que representa quase um quinto do território
nacional. A capital é Manaus.
Geografia física
Relevo
Cerca de 61% da superfície do
Amazonas se situam abaixo de cem metros, 32% entre 100 e 200 metros e somente
sete por cento acima dos 200m de altitude. No entanto, é no estado que se
encontra o ponto culminante do Brasil, o pico da Neblina, com 3.014m, na serra
Imeri, junto da fronteira com a Venezuela, no planalto cristalino.
Climas e solos
O clima é quente e chuvoso, do
tipo Af de Köppen. A temperatura média anual eleva-se a cerca de 26o C e os totais
pluviométricos a 2.500mm. Com exceção da região oriental, onde se faz sentir
uma nítida estação seca nos meses de julho e agosto (clima Am), o estado recebe
chuvas durante todo o transcorrer do ano. Em virtude de serem intensamente
lavados pelas chuvas, os solos de terra-firme são em geral pobres em nutrientes
minerais. Já os solos de várzea, sujeitos a inundações, renovam-se
periodicamente pela deposição de aluviões, mantendo-se férteis.
Vegetação e hidrografia
A floresta equatorial, que
reveste todo o território do estado, diferencia-se em dois tipos: a mata de
terra-firme, onde se destaca a castanheira, e a mata de várzea, onde se destaca
a seringueira. Registram-se ainda pequenas ocorrências de campos limpos, nas
várzeas, e campos cerrados, nas terras firmes.
A rede de drenagem é comandada
pelo Amazonas, que, juntamente com os principais afluentes, mantém curso
francamente navegável até os limites do estado. Ao longo dos rios observam-se
numerosos lagos, entre os quais se destacam os de Coari, Badajós, Piorini e
Canaçari.
População
A população do Amazonas é uma
das mais rarefeitas do país, com densidade demográfica inferior a 1,4 hab./km2
no início da década de 1990. A distribuição geográfica da população ao longo
dos rios revela dependência do transporte fluvial e preferência pelos solos de
várzea. Cerca de dois quintos da população do estado vivem na zona rural. Essa
população rural é quase inteiramente constituída de “caboclos”. Há grande
número de nordestinos e seus descendentes, atraídos pelo apogeu da borracha.
Portugueses, japoneses, sírio-libaneses e espanhóis formam um contingente de
estrangeiros pequeno, mas economicamente ativo. No estado, encontram-se 33
grupos indígenas, cuja população é cada vez menor, destruída por doenças,
choques com civilizados e falta de elementos econômicos de sobrevivência.
A principal cidade do estado é
Manaus, que em 1980 concentrava quase metade da população amazonense. Além de
capital político- administrativa, porto internacional e centro industrial,
Manaus desempenha, também, em relação ao comércio e aos serviços, as funções de
capital regional para uma vasta área, que inclui, além do estado do Amazonas, o
Acre e Roraima. A segunda cidade do estado é Parintins, situada na margem
direita do Amazonas, próximo à divisão com o Pará; a terceira é Manacapuru; a
quarta, Itacoatiara, na margem esquerda do rio e ligada a Manaus por 286km de
estrada de rodagem. Todas com pouco mais de cinquenta mil habitantes em inícios
da década de 1990.
Economia
Atividades extrativas e
agropastoris. A exploração de recursos florestais assume grande importância no
Amazonas, embora o valor global dos produtos da coleta não chegue a ultrapassar
o dos agropastoris. O principal produto extrativo é a borracha, explorada
principalmente nas margens dos afluentes meridionais do Amazonas (Madeira,
Purus e Juruá). Seguem-se a castanha-do-pará, as gomas não elásticas e a
piaçava.
Entre os recursos naturais, os
de origem vegetal são os mais importantes do estado e permitem a extração de
borracha, castanha, madeira, sementes oleaginosas e fibras, ainda exploradas
segundo métodos primários e de maneira insuficiente. As possibilidades de
extração mineral vêm-se ampliando (ferro, manganês, linhita, cassiterita,
petróleo, gás). Há referências à existência de argila plástica, feldspatos e
calcários, no baixo Amazonas. Os rios e lagos amazônicos são bastante piscosos,
e suas florestas abrigam variada fauna, o que garante uma importante atividade
no setor da caça.
As atividades agrícolas
desenvolvem-se nos solos de várzea, sobretudo no trecho situado a jusante da
embocadura do Purus. A juta, o guaraná e a mandioca são os principais produtos.
Em valor de produção, as três culturas juntas superam a borracha. Em menor
escala cultivam-se também a banana, a cana-de-açúcar, o feijão e a laranja. Nos
campos de várzea criam-se bovinos.
Indústria e recursos
minerais
Praticamente todas as
atividades fabris do estado concentram-se na cidade de Manaus, que conta com
estabelecimentos de beneficiamento de borracha, castanha-do-pará e madeira,
moinho de trigo e tecelagem de juta, além da refinaria de petróleo de Manaus.
A Zona Franca de Manaus, que
começou a ser implantada em 1967, ganhou maior expressão como centro industrial
autônomo a partir de 1972. O empreendimento contribuiu, em especial, para o
progresso de Manaus.
Entre as riquezas minerais do
estado incluem-se ferro, manganês, linhita, cassiterita, petróleo e gás natural
(bacias do médio e baixo Amazonas, respectivamente com 300.000 e 100.000km2).
Transportes
O Amazonas não possui
ferrovias
A rede rodoviária, da qual
pouco mais de um terço é pavimentado, compreende a BR-319, que liga Manaus a
Porto Velho RO e intercepta, em Humaitá, a Transamazônica (BR-230), que
atravessa o sul do estado; a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista RR; e uma
estrada estadual ligando Manaus a Itacoatiara. A maior parte do transporte é,
entretanto, realizada por meio dos rios, que oferecem boas condições de
navegabilidade. Nesse particular, destaca-se o rio Amazonas, que, além de
grande volume de água, possui um declive muito suave, pois desde Benjamin
Constant, na fronteira com o Peru, até a sua foz, desce apenas 65m. Essa
circunstância permite ao porto de Manaus receber navios de grande calado.
Cultura e turismo
As mais importantes entidades
culturais do estado são o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, o
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a Academia Amazonense de Letras e
a Associação Comercial do Amazonas, todas na capital. A Universidade Federal do
Amazonas foi fundada em 1965.
Das bibliotecas registradas no
estado, as mais importantes, além das pertencentes às entidades acima, são a
Biblioteca Pública do Amazonas e a Biblioteca Central da Universidade do
Amazonas. Vários municípios, agências do IBGE e missões religiosas mantêm
pequenas bibliotecas públicas. Entre os museus, cabe destacar o do Homem do
Norte, o do Índio e o de Ciências Naturais.
O único centro de atração
turística do estado é a cidade de Manaus. Destacam-se na cidade, além do Teatro
Amazonas, construído na época áurea da borracha em estilo renascentista
italiano, os seguintes monumentos: o palácio Rio Negro, sede do governo
estadual; o palácio Rio Branco, onde se encontra uma excelente coleção de
numismática; o palácio da Justiça e do Comércio; o Hotel Amazonas; o edifício
da Alfândega; a catedral de Nossa Senhora da Conceição.
Outra atração turística
consiste em passeios de barco pelos rios Negro e Amazonas, sobretudo na área
onde se verifica o encontro das águas dos dois rios, de cores diferentes.
Outros pontos de interesse são as piscinas naturais de Flores, Turumãzinho e
Bosques; as praias fluviais de Ponta Negra e Cacau Pirera; e a cachoeira de
Turumã Grande. A melhor época para pesca é o período de setembro a novembro.
Folclore
Entre as festas populares, as
mais importantes são a folia de são Benedito, a festa de são Roque (16 de
agosto), a festa do Divino (domingo de Pentecostes), a Alumiação (2 de
novembro). Cabe mencionar ainda o Boi de Reis; o Boi-Bumbá (variante do bumba-meu-boi
do Nordeste), que se realiza durante os festejos de são João; e a Meia-Lua,
procissão fluvial no rio Amazonas.
Região de folclore riquíssimo,
existe no Amazonas toda uma série de entidades lendárias de origem indígena,
entre os quais há que destacar o urutau, símbolo da quietude; o maguapari,
monstro das florestas; o boto, ser encantado em peixe; o uirapuru, pássaro
encantado; o muiraquitã, talismã de pedras verdes; a boiuna, a quem são
atribuídos os acontecimentos mais inverossímeis; o curupira, demônio da
floresta, representado por um anão de cabeleira rubra e pés ao inverso; o Mapinguari,
animal fabuloso, semelhante ao homem, mas todo cabeludo; o pronominarei, herói
de um ciclo de aventuras; e o uiauara, duende assombrador.
A culinária típica do
Amazonas também é bastante diversificada
Os pratos mais famosos são o
abunã ou arabu, pirão de ovos de tartaruga ou outro quelônio, com farinha e
açúcar; a farofa do casco, servida com prato de tartaruga; a maniçoba, pirão de
farinha de mandioca, que se come com cozido; o pacicá, quitute preparado com os
miúdos da tartaruga, temperados e cozidos no próprio casco; o peito de forno,
um picado de tartaruga, temperado com limão, sal e pimenta; o tacacá, papa de
goma que se junta ao tucupi, que é por sua vez, um dos molhos tradicionais da
Amazônia.
Amapá
Situado no extremo norte do
litoral brasileiro e separado da Guiana Francesa pelo rio Oiapoque, o Amapá
passou à condição de estado em 1988, tendo como sustentáculo econômico a
extração de manganês, de que é o maior produtor nacional.
Com uma área de 143.454km2, o
estado do Amapá situa-se na região Norte e se limita a leste com o oceano
Atlântico, ao norte com a Guiana Francesa e o Suriname, e ao sul com o estado
do Pará. A capital é Macapá.
Geografia física
Cerca de 95% do território do
Amapá encontra-se abaixo de 300m de altitude, e 72%, abaixo de 200m. Quatro
unidades morfológicas podem ser identificadas: a planície litorânea, formada
por terrenos baixos e alagadiços; as planícies aluviais, nos baixos e médios
cursos de rios (várzeas); o baixo platô arenítico, estreita faixa de terrenos
tabulares situada a oeste da planície litorânea; e o planalto cristalino, na
porção central e ocidental do estado, com grandes extensões de colinas e
morros, dominados por cristas montanhosas (serra do Tumucumaque, com cerca de
540m).
O Amapá está sujeito a um
clima quente superúmido (do tipo Aw, de Köpen). As temperaturas médias mensais
oscilam entre 25 e 26oC e os totais anuais de chuva ultrapassam 2.500mm. A
precariedade da ocupação humana tem permitido manter quase inalterada a
floresta amazônica, que cobre a maior parte do estado. Na porção oriental aparecem
campos limpos, que alternam com as florestas nas várzeas de rios e na planície
litorânea; campos cerrados, no baixo platô arenítico; e manguezais, na fímbria
litorânea. Os rios mais extensos do Amapá são o Oiapoque, na fronteira com a
Guiana Francesa, e o Araguari; ambos correm diretamente para o oceano
Atlântico. Dos tributários do Amazonas, o principal é o Jari, na divisa com o
Pará.
População
O Amapá é uma das unidades da
federação de povoamento mais rarefeito, com menos de dois habitantes por quilômetro
quadrado no início da década de 1990. Quase toda a população se encontra na
porção oriental (planície litorânea e baixo platô arenítico). Apenas duas
pequenas áreas do planalto cristalino foram efetivamente ocupadas: a região das
nascentes do rio Caciporé (antigas minas de São Lourenço) e a região da serra
do Navio (jazidas de manganês). Pouco mais de metade dos habitantes vive nas
zonas urbanas.
Economia
O Amapá é o maior produtor
nacional de manganês, minério que o estado explora desde 1957. As jazidas da
serra do Navio foram arrendadas pela Icomi (Indústria e Comércio de Minérios
S.A.), empresa fundada em Belo Horizonte em 1942, à qual se associou, na qualidade
de acionista minoritária, a Bethlehem Steel Corporation, norte-americana. A
Icomi paga ao governo do estado royalties de quatro a cinco por cento por
tonelada de minério exportada. O porto de escoamento é o de Santana, em Macapá,
ligado à serra do Navio por 194km de ferrovia eletrificada. Há também uma usina
de pelotização.
Antes da exploração industrial
do manganês, praticava-se apenas o extrativismo primitivo e a pecuária
extensiva. A Icomi possui modernas instalações, construiu uma estrada de ferro
com capacidade para 700.000t de minério e 200.000t de outros produtos e um
porto a que podem ter acesso navios de até 45.000t.
Na mesma área da serra do
Navio exploram-se, também, pequenas jazidas de cassiterita, columbita e
tantalita. No município de Mazagão exploram-se a borracha e a castanha-do-pará.
A agricultura se dispersa na
planície litorânea, margens do baixo platô arenítico e várzeas dos rios.
Alcança certa concentração nas proximidades das cidades de Macapá e Mazagão. O
principal produto agrícola é a mandioca, a que se seguem o arroz, o feijão, o
milho e a cana-de-açúcar. A criação ocupa principalmente os campos alagadiços
da planície litorânea, em especial os dos municípios do Amapá e Calçoene. A
cultura da pimenta-do-reino foi introduzida recentemente.
Cultura e turismo
Em Macapá localiza-se o Museu
Histórico e Científico Joaquim Caetano da Silva, onde se pode ver amostras de
minérios, madeiras e plantas medicinais da Amazônia. Para banhos no rio
Amazonas, há duas praias perto da capital: do Araxá e da Fazendinha. Nesta
merece ser visitado também o Bosque Florestal. Em Porto de Santana, a trinta
quilômetros da capital, pode-se fazer um passeio de barco pelo rio Amazonas e
igarapés vizinhos. A oito quilômetros fica Curiaú, vila fundada por africanos.
Pode-se conhecer também a mina e a extração de manganês na serra do Navio.
Perto de Mazagão fica o marco zero da linha do equador.
Em Mazagão Velho, de 6 a 10 de
janeiro, realiza-se a festa de são Gonçalo, com procissão, festejos, ladainha e
folias; e em 16 de julho, tem lugar a festa de são Tiago, com cavalhada,
procissão e baile de máscaras. Na capital, destacam-se a festa do Marabaixo
(folclore africano), quarenta dias após a Semana Santa; o batuque do igarapé do
Lago, de 24 de junho a 2 de julho; e o Boi-Bumbá, também no mês de junho.
Pará
Pará em tupi quer dizer mar. É
o nome local do braço direito do rio Amazonas, que ao confluir com o Tocantins
se alarga de maneira desmedida. Daí o nome Grão-Pará, denominação da capitania
criada em 1616. A imagem oceânica evoca a imensidão do território e dos rios
que sulcam a Amazônia.
O estado do Pará situa-se na
região Norte, onde ocupa uma área de 1.253.165km2, e é atravessado de oeste a
leste pelo rio Amazonas, que desemboca no oceano Atlântico, no nordeste do
estado. Limita-se ao norte com a Guiana, o Suriname e o estado do Amapá, ao sul
com o Mato Grosso, a noroeste com Roraima, a oeste, Amazonas, e a leste com o
Maranhão e Tocantins. Sua capital é Belém.
Geografia física
Geologia e relevo
O relevo paraense, modesto, é
formado por grandes superfícies planas ou onduladas. Cerca de 86% do território
estadual encontra-se abaixo de 300m de altitude sobre o nível do mar. Cinco
unidades de relevo compõem o quadro morfológico: (1) a planície aluvial ou várzea;
(2) o baixo platô terciário ou terra firme; (3) a encosta setentrional do
planalto Central; (4) a encosta meridional do planalto das Guianas; (5) e a
planície litorânea.
A planície aluvial ou várzea
estende-se ao longo do rio Amazonas e atravessa o estado de leste a oeste. É
constituída por formações aluviais sujeitas a inundações periódicas. O baixo
platô terciário ou terra firme, formado de terrenos sedimentares (arenitos),
alarga-se, ao norte e ao sul da várzea, com um relevo tabular de
aproximadamente cem metros de altitude. A encosta setentrional do planalto
Central estende-se ao sul do baixo platô e seu relevo ondulado, talhado em rochas
cristalinas, eleva-se gradativamente na direção de Mato Grosso.
A encosta sul do planalto das
Guianas apresenta relevo similar e eleva-se gradativamente na direção da
fronteira com as Guianas, ao longo da qual se ergue a serra do Tumucumaque, com
900m de altitude. A planície litorânea é dominada pelo relevo tabular dos
terraços litorâneos, que, batidos pelas ondas do mar, dão lugar à formação de
falésias com cinco, dez e vinte metros de altura. Na porção oriental da ilha de
Marajó observam-se os mesmos traços de relevo. Aí a ocorrência de inundações
não provém, de modo algum, das cheias do rio Amazonas, mas do difícil
escoamento da água das chuvas, devido à total regularidade da superfície do
terraço. A porção ocidental da ilha, baixa e sujeita a inundação pelas águas do
rio, integra-se na várzea e pode ser vista como um delta interior, sujeito à
deposição de aluviões.
Clima
É típico da região o clima
quente e úmido, temperado pela chuva e pela vegetação luxuriante. São duas as
estações, marcadas pelas precipitações pluviais: verão, de julho a outubro; e
inverno, de novembro a junho, época das grandes chuvas. Observam-se no Pará os
climas de tipo Af e Am de Köppen. O clima Af, quente e superúmido, só aparece
em torno da cidade de Belém. Registra temperatura média anual de 26,5o C,
2.800mm de pluviosidade e ausência de estação seca. A temperatura máxima
absoluta beira os 35o C, em janeiro/fevereiro, e a mínima, 19o C, em
setembro/outubro.
O clima Am de tipo monção
domina em todo o resto do estado, com temperatura média anual de 26,4o C,
pluviosidade um pouco reduzida (2.000 a 2.500mm anuais) e a presença de curta e
mal definida estação seca, de outubro a dezembro.
Hidrografia
As três bacias hidrográficas
do estado — a amazônica, a do Tocantins-Araguaia e a do Nordeste — ocupam toda
sua superfície total e perfazem um potencial energético de 5.325MW. A rede
hidrográfica é comandada pelo rio Amazonas, o mais caudaloso do planeta, com
descarga equivalente a um quarto da água despejada nos oceanos por todos os
rios do mundo.
O Amazonas recebe no estado do
Pará, pela margem direita, fluentes de grande porte, como o Tocantins, o Xingu
e o Tapajós. Entre os da margem esquerda, bastante menores, figuram o Jari, o
Trombetas, o Paru, o Jamundá e o Maicuru. Nos limites com o Maranhão corre o
rio Gurupi. Na várzea do Amazonas, próximo à divisa com o estado do Amazonas,
encontram-se numerosos lagos, entre os quais o Grande, o Grande do Curuaí, o de
Itandeua e o do Poção. Na ilha de Marajó, existe ainda o lago Arari.
Flora e fauna
Praticamente todo o território
estadual apresenta-se recoberto pela floresta amazônica, que se desdobra em
dois tipos: a mata de terra firme, onde ocorre a castanheira; e a mata de
várzea, onde cresce a seringueira. Registra-se ainda no Pará a ocorrência de
campos limpos, nas várzeas de alguns dos rios ou na ilha de Marajó, e de
cerrados, no baixo planalto de Santarém.
A vegetação é rica em produtos
tradicionalmente explorados e que já constituíram a base da economia regional:
a seringueira e outras árvores produtoras do látex (sorva, maçaranduba), a
castanheira-do-pará, as madeiras de lei, malva, palmas diversas, timbó, guaxima
e outras fibras. Com a abertura das grandes rodovias (Belém-Brasília,
Transamazônica), a floresta nativa foi muito devastada para a abertura de
campos para agricultura e pecuária. Como no caso de outras regiões da Amazônia,
as agressões ao meio ambiente suscitaram constantes denúncias e preocupações.
A fauna do Pará é a amazônica,
uma das mais ricas do mundo. A pesca, praticada em grande escala, é predatória
e mal regulamentada. Algumas espécies de animais da região acham-se ameaçadas
de extinção, inclusive mamíferos como a ariranha, o guará e o peixe-boi, além
de várias espécies de tartaruga.
População
À medida que se constituiu, a
população do Pará compôs-se principalmente de caboclos, resultantes da
mestiçagem de índios e europeus. A partir do século XVII, acrescentou-se o
contingente dos negros. No início da década de 1990, a densidade demográfica do
estado permanecia muito baixa, mas observavam-se fortes desníveis populacionais
entre as diversas áreas.
O grau de urbanização, em
1990, ainda era reduzido, com a população dividida aproximadamente em partes
iguais entre as áreas urbanas e a zona rural. A maior cidade é a capital,
Belém, e as demais são bem menores: Santarém (segunda cidade do estado),
Marabá, Altamira, Itaituba, Castanhal, Abaetetuba, Bragança, Paragominas.
Belém, verdadeira metrópole regional da Amazônia, redistribui por toda a
Amazônia alimentos e outros bens de consumo oriundos de outros estados e do
exterior. Sob sua influência direta encontram-se quase todas as cidades do Pará
e algumas cidades do Amazonas e de Tocantins. Escapam a essa influência direta,
no estado, apenas alguns municípios que se servem de Santarém e Macapá AP. Mais
de metade da mão-de-obra ocupa-se de atividades agropecuárias e extrativas.
Economia
Agricultura e pecuária. A
economia estadual organizou-se, desde os tempos coloniais, em torno da coleta
de produtos florestais. Ao colapso econômico da borracha sucedeu-se prolongada
crise, de que só a partir de 1930 o estado começou a se recuperar.
A extração de madeira é uma
das mais lucrativas fontes de rendas do Pará. Paralelamente, surgiu no estado uma
economia baseada nas atividades agrícolas e pastoris, em que sobressai a
pimenta-do-reino. Seguem-se em importância a juta, a mandioca, o arroz, a
castanha e a borracha. A agricultura desenvolve-se em duas áreas ecológicas
diferentes: a várzea e a terra firme. Na primeira, com solos periodicamente
renovados pelas cheias do rio Amazonas, cultivam-se a juta, o arroz, o milho, o
feijão e o coco-da-baía.
Na terra firme, cujos solos
são mais pobres por não estarem sujeitos a inundações, cultivam-se a pimenta-do-reino
e a mandioca. Essas culturas desenvolvem-se principalmente na região nordeste
do estado (Bragança e Tomé-Açu).
Os rebanhos de bovinos e
suínos são os mais numerosos da Amazônia. A maior parte dos bovinos encontra-se
na ilha de Marajó, onde o boi, tradicionalmente, também é animal de sela, e
onde se cria, de igual modo, uma rendosa espécie de búfalo trazida da Índia e
bem ambientada na região.
Indústria
Belém concentra praticamente
toda a atividade industrial do estado (produtos alimentícios, tecidos, minerais
não-metálicos, madeira). São importantes produtos industriais, quanto ao valor
de produção, os tecidos de juta, a madeira serrada (ou desdobrada), o cimento e
vários tipos de bebidas.
Energia e mineração. A
produção de energia elétrica, inicialmente toda de origem térmica, aumentou
muito com a entrada em operação das hidrelétricas de Curuá-Una e Tucuruí.
Na década de 1970
revelaram-se, em Carajás, entre os rios Xingu e Tocantins, enormes reservas de
ferro, alumínio, cobre, manganês, níquel, estanho e ouro. Também foram
descobertas jazidas de manganês na bacia do rio Vermelho; de calcário, em
Itaituba, Monte Alegre e Marabá. O ouro encontrado em Serra Pelada, onde
funciona o único garimpo criado por lei no país, atraiu milhares de aventureiros
de toda parte. Atividade exercida de forma primitiva e predatória, nas décadas
de 1980 e 1990 causou escândalo, uma vez que vários rios do estado, entre os
quais o Tocantins, foram contaminados pelo mercúrio despejado em suas águas,
com graves consequências para a população e para o ecossistema.
Também se exploram diamantes e
cristal de rocha, no vale do Tocantins. Perfurações da Petrobrás, no médio
Amazonas, revelaram um dos maiores depósitos de sal-gema do mundo. Em
Paragominas, Trombetas, Almeirim e Carajás, há vastos depósitos de bauxita. As
reservas de bauxita de Carajás são consideradas gigantescas. O estado conta,
ainda, com expressiva produção de alumínio.
Transportes
A extensa rede hidrográfica
regional oferece condições para que a navegação fluvial seja o principal meio
de transporte. Várias são as empresas que exploram esse recurso e usam
embarcações com nomes típicos (chata, chatinha, gaiola, vaticano etc.). O porto
de Belém é o mais importante da região amazônica. Não existem ferrovias. Na rede
rodoviária, sobressaem a Belém-Brasília (BR-010), a Belém-São Luís (BR-316),
com 903km, e a Transamazônica (BR-230), ainda incompleta em seus mais de cinco
mil quilômetros.
Cultura
Belém é sede do Museu Paraense
Emílio Goeldi, de fama internacional, que efetua pesquisas sobre a arqueologia,
a fauna, a flora e a etnologia da região amazônica. Mantém um aquário, horto
florestal, jardim zoológico, preciosa biblioteca especializada e notáveis
coleções arqueológicas, etnográficas e artísticas tombadas pelo Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional. Edita publicações científicas de alto nível,
internacionalmente prestigiadas.
Outros grandes museus da
capital paraense são os do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e o do
Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará. As principais bibliotecas são a
Biblioteca e Arquivo Público (45.000 volumes e 200.000 manuscritos) e a da
Universidade Federal do Pará (quarenta mil volumes).
Instituições e monumentos
O Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional tombou os seguintes monumentos, na capital do estado: o
Palácio Velho, na travessa Dom Bosco; a Casa Azul, no largo do Palácio; a Casa
do Barão de Guajará, na praça Pedro II — hoje sede do Instituto Histórico e
Geográfico do Pará; a Catedral de Nossa Senhora das Graças; as igrejas de Nossa
Senhora do Carmo (século XVII), de Nossa Senhora das Mercês (século XVII),
Nossa Senhora do Rosário e São João Batista; a igreja de Santo Alexandre e o
antigo Colégio dos Jesuítas, anexo — hoje Palácio Arquiepiscopal (século XVII).
Também é tombada a igreja da Madre de Deus, em Vigia.
Além dos monumentos tombados,
outros são dignos de registro: o Forte do Castelo, primeiro marco da fundação
da cidade (século XVII); a igreja de S. Francisco Xavier, onde pregou o padre
Antônio Vieira; a basílica de Nazaré, construída no início do século XX, onde
fica a lendária imagem de Nossa Senhora de Nazaré, cultuada no estado desde o
século XVII e que figura na famosa procissão do Círio, instituída em 1793; o
Palácio Lauro Sodré, sede do governo do estado, do arquiteto Antônio José
Laredo e inaugurado em 1771; o Paço Municipal; e o Memorial da Cabanagem, no
quilômetro zero da BR-316.
Turismo e folclore
Os principais pontos de
atração no estado situam-se na cidade de Belém. A beleza da capital, com suas
ruas arborizadas com mangueiras, seus edifícios antigos, suas igrejas, o Teatro
da Paz, o famoso mercado do cais de Ver-o-Peso — onde se encontram os mais
variados produtos regionais –, o Bosque Municipal Rodrigues Alves — com lago,
aquário, orquidário e aves da região –, a Cidade Velha, cujos solares têm
fachadas de azulejos portugueses, o Mercado Público de São Brás, tudo constitui
atração para o turista. Visitas à Universidade Federal do Pará e ao Museu
Paraense Emílio Goeldi completam os atrativos da capital.
Nas vizinhanças de Belém
assinalam-se os balneários fluviais de Mosqueiro, Salinópolis, Outeiro, Chapéu
Virado, Farol, Murubira e Ariramba. A caça e a pesca ainda se praticam em todo
o estado, sobretudo na ilha de Marajó, mas nas últimas décadas a consciência
ecológica, com suas muitas campanhas de preservação da natureza e da floresta
amazônica, levou a crescentes restrições da caça e aos primeiros passos de uma
efetiva regulamentação da pesca.
A grande festa religiosa em
todo o Norte-Nordeste é a de N. S. de Nazaré, em outubro, quando se realiza a
procissão do Círio, que atrai multidões de fiéis e turistas. Mantêm-se várias
tradições populares, tais como o boi de Reis, o boi-bumbá (variante do
bumba-meu-boi), a marujada e o carimbó, em cidades do interior do estado.
O estado possui cozinha
típica, com uma variedade de pratos em que predomina a influência indígena,
como o famoso pato ao tucupi, o tacacá, as casquinhas de siri, o peixe moqueado
no tucupi, o açaí (bebida preparada com o coco de açaí), o refresco e o doce de
cupuaçu.
Rondônia
Em 1956, por ato do Congresso
Nacional, o antigo território de Guaporé recebeu o nome de Rondônia em
homenagem ao grande desbravador da região, o marechal Cândido Mariano da Silva
Rondon, que no início do século XX estendeu as linhas do telégrafo até a
fronteira oeste do país.
O estado de Rondônia situa-se
na região Norte do Brasil. Com uma superfície de 238.513km2, limita-se ao sul
com a Bolívia, a leste com o estado de Mato Grosso, a oeste com o Acre, e ao
norte com o Amazonas. A capital é Porto Velho.
Geografia física
Relevo
Cerca de 66% da superfície do
território se encontra entre 100 e 300m de altitude; trinta por cento, entre
300 e 800m; e quatro por cento, abaixo de 100m. Três unidades compõem o quadro
morfológico: o planalto cristalino, o chapadão e a planície aluvial.
O planalto cristalino ocupa a
maior parte do estado. Seus terrenos ondulados, talhados em rochas cristalinas,
constituem um prolongamento, para noroeste, da encosta setentrional do planalto
central brasileiro. O chapadão, que se ergue sobre o planalto cristalino, tem
uma topografia tabular cortada em terrenos sedimentares e alcança os mais
elevados níveis altimétricos de Rondônia.
Com forma alongada, atravessa
o estado de sudeste para noroeste, com o nome, na extremidade noroeste, de
serra ou chapada dos Parecis e serra dos Pacaás Novos. A planície aluvial forma
uma estreita faixa de terras planas, sujeitas a inundação, que se desenvolvem
ao longo do curso do rio Guaporé.
Clima e hidrografia
Predomina em Rondônia o clima
tropical úmido com estação seca pouco marcada (Am de Köppen). A pluviosidade
varia de 1.900mm, no sul, a 2.500mm, no norte. A temperatura mantém-se elevada
durante todo o transcorrer do ano, com médias anuais superiores a 26°C.
Todos os rios do estado
pertencem à bacia do rio Madeira, afluente do Amazonas. O chapadão forma o
divisor de águas entre os rios que correm diretamente para o Madeira,
localizados na parte oriental do estado, e os da região ocidental, que correm
para o Mamoré e o Guaporé.
Vegetação
Cerca de setenta por cento da
superfície de Rondônia é recoberta pela floresta pluvial amazônica. Os
restantes trinta por cento correspondem a cerrados e cerradões que revestem a
superfície tabular do chapadão. No entanto, causa preocupação o desmatamento,
que se acelerou em meados da década de 1980, para a exploração de minérios.
População
Em 1950 o então território do Guaporé
tinha uma população extremamente rarefeita, não passando de pouco mais de
37.000 habitantes. Quarenta anos depois, no começo da década de 1990, o estado
de Rondônia já havia ultrapassado a marca de 1.100.000 habitantes.
Na década de 1980 a intensa imigração
fez aumentar a população de Rondônia em cerca de vinte por cento ao ano, índice
sem precedentes na história do país e que causou sérios problemas ao governo
estadual, incapaz de suprir de forma tão rápida as necessidades de assistência
médica, educação e abastecimento de energia. Em algumas regiões de Rondônia
chegou-se a constatar, em meados da década de 1980, a existência de regimes semiescravos
de trabalho. O crescimento rápido e desordenado agravou ainda os conflitos de
terra entre índios, posseiros e garimpeiros.
Além da capital, Porto Velho,
às margens do rio Madeira, desenvolvem-se com rapidez as cidades de Ariquemes,
Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Guajará-Mirim, às margens do Guaporé, e alguns
municípios novos, como Jaru, Ouro Preto do Oeste e Rolim de Moura.
Economia
Agropecuária
Os produtos agrícolas e
pastoris começaram a ganhar vulto na economia de Rondônia a partir da abertura
da rodovia Cuiabá-Porto Velho (BR-364) em 1961. Em 1994, o estado assumiu um
papel de liderança na região Norte como um polo agrícola capaz de competir em
pé de igualdade com os estados do Sul. Tornou-se um dos maiores produtores
brasileiros de cacau e o quinto de café do país. Desenvolveram-se também as
culturas de milho, feijão, algodão, soja, arroz, mandioca e banana. No mesmo
ano, Rondônia contava com o décimo rebanho bovino do país.
Extrativismo
Em 1986, um grupo de
madeireiros descobriu no meio da selva uma mina de cassiterita (minério de
estanho), mais tarde batizada de Bom Futuro. Três anos depois, extraía-se de
Bom Futuro dez por cento da produção mundial do minério, o que equivalia a 37%
da produção brasileira.
Apesar disso, no início da
década de 1990, a indústria extrativa vegetal e mineral — no passado a
principal atividade econômica do estado — perdeu a importância que tinha no
conjunto da economia de Rondônia. Além da cassiterita, os produtos básicos da
região são ouro, diamante, borracha, castanha-do-pará, poaia, couros e pescado.
A indústria madeireira
desenvolveu-se em função da abertura da BR-364, aproveitando o retorno dos
caminhões. As florestas de Rondônia são de extraordinária riqueza,
principalmente em mogno, vinhático e cerejeira. Responsável pela criação de
grande número de empregos — na derrubada das árvores e no preparo de tábuas,
toras, caibros, postes e dormentes –, a indústria madeireira é, também, motivo
de preocupação para os ecologistas, em vista das devastações que tem causado.
Segundo análises de fotografias obtidas por satélites no começo da década de
1990, trinta por cento das florestas de Rondônia já haviam sido destruídas.
Para solucionar o problema, o governo demarcou reservas na floresta e criou
incentivos ao reflorestamento. As madeireiras do estado passaram também a
produzir compensados e laminados e não só vender a madeira bruta.
Existem no estado três
importantes áreas de preservação ambiental: o Parque Nacional dos Pacaás Novos,
com uma área de 6.764.000 hectares; as Reservas Biológicas do Jaru e Guaporé
(947.000 ha); e a Floresta Nacional de Rondônia (300.000 ha).
Energia
O estado acha-se incluído no
programa de desenvolvimento Polonoroeste, que compreende também o noroeste de
Mato Grosso. Um de seus projetos básicos iniciais foi a construção da
hidrelétrica de Samuel, destinada a assegurar o abastecimento de energia
elétrica para todo o estado, afetado, durante mais de uma década, por
constantes racionamentos de energia. A hidrelétrica, projetada para gerar cerca
de 217MW, mediante cinco turbinas, deveria entrar em operação na segunda metade
da década de 1990.
Transportes
Construída a BR-364, com
1.450km de extensão, o estado de Rondônia passou a dispor de ligação terrestre
e direta com Cuiabá e São Paulo. Inaugurada em 1984, a rodovia livrou o estado
da antiga dependência da ligação fluvial com Manaus e Belém. Dessa forma, a
economia de Manaus e Belém teve de enfrentar a concorrência de São Paulo, que
começou a expandir pelo sul da Amazônia sua área de influência. Servem ainda ao
estado outras rodovias do Plano de Integração Nacional: a BR-319, que faz a
ligação Guajará-Mirim-Abunã-Porto Velho-Humaitá AM; e a BR-236, que liga Abunã
a Rio Branco AC.
Ao ser criado o estado, os
projetos de colonização desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA) abrangiam um total de 36.518 famílias inscritas, que
aguardavam a distribuição dos respectivos lotes de terra. O afluxo de
imigrantes era calculado na época em mil famílias por mês. As condições
sanitárias da população eram ainda deficientes; devido sobretudo à imigração,
Rondônia tem a maior incidência de malária na Amazônia.
Tocantins
Sonho alimentado durante quase
dois séculos pela população que habitava o norte do antigo estado de Goiás, a
criação do estado de Tocantins veio dar um importante impulso ao povoamento do
centro-norte do Brasil e abriu uma nova frente de desenvolvimento rumo ao
interior do país, numa região de economia predominantemente agropecuária.
O estado de Tocantins, na
região Norte, ocupa uma área de 278.421km2. Limita-se a oeste com o Pará e o
Mato Grosso, ao sul com Goiás, e a leste com o Maranhão, o Piauí e a Bahia. Sua
capital é Palmas.
Geografia física
Geologia e relevo.
A maior parte do estado de
Tocantins encontra-se a menos de 500m de altitude e caracteriza-se por grandes
superfícies aplainadas de rochas cristalinas e sedimentares. Quatro unidades
integram o quadro morfológico: (1) o planalto cristalino do Araguaia-Tocantins,
a região mais elevada, que ocupa o sul do estado, com altitudes de 300 a 600m;
(2) o planalto sedimentar do nordeste, composto por um conjunto de chapadas de
arenito e lençóis de basalto na área limítrofe entre o Maranhão e Tocantins;
(3) o planalto sedimentar do São Francisco, um vasto chapadão arenítico situado
ao longo da divisa Tocantins-Bahia; e (4) a planície aluvial do médio Araguaia,
entre Tocantins e Mato Grosso, uma antiga planície de inundação, com periódica
deposição de aluviões, onde se encontra a maior ilha fluvial do mundo, a do
Bananal.
Clima e hidrografia
Predomina no estado o clima do
tipo Aw (clima de savana, com inverno seco e chuvas de verão), com médias
termométricas que variam entre 25°C, ao norte, e 22°C, ao sul. A pluviosidade
média anual é de 1.600mm, concentrada no período do verão.
A rede hidrográfica do estado
de Tocantins é formada principalmente pelos rios que correm para o rio
Tocantins ou seu afluente, o Araguaia. De regime tropical, esses rios têm
cheias e vazantes de acentuado contraste, mas não experimentam seca, pois o
subsolo poroso garante a infiltração e o armazenamento de água.
Vegetação
Os campos cerrados, vegetação
predominante, recobrem mais de noventa por cento do território do estado. As
manchas florestais resumem-se praticamente aos vales dos rios Tocantins e
Araguaia. Neste último, as matas assumem, por vezes, a forma de cerradão,
transição entre o cerrado e a floresta.
População e rede urbana
Após sua criação, em 1988,
Tocantins alcançou, em algumas regiões, taxas de crescimento superiores a vinte
por cento ao ano. A população se concentra nas cidades cortadas pela rodovia
Belém-Brasília.
Situado no centro do país,
Tocantins tornou-se importante meio de integração das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste. O norte do estado pode servir como base de povoamento da Amazônia
e fornecedor de alimentos para a região nordeste do país. O sul de Tocantins
sofre influência de Brasília, Goiânia e do sul da Bahia. As principais cidades
do estado são Araguaína, Gurupi, Palmas, Miracema do Tocantins e Porto
Nacional.
Economia
Agricultura e pecuária
Predominam em Tocantins as
culturas de subsistência. O principal produto é o arroz, com boas perspectivas
de desenvolvimento devido a projetos de irrigação como o do rio Formoso, no
sul, ligado à Belém-Brasília por 45km de estrada pavimentada. Seguem-se o
milho, o feijão e a soja.
A construção da rodovia
Belém-Brasília impulsionou a agricultura na região, mas a modernização desse
setor econômico, no início da década de 1990, esbarrava na enorme concentração
da propriedade de terras no estado: menos de dez por cento do número de propriedades
rurais correspondiam a mais de metade da área ocupada por estabelecimentos
agropecuários.
A ferrovia Norte-Sul,
projetada para cortar a região mais pobre do estado, o vale do Tocantins,
barateará o escoamento da produção, com a consequente redução dos preços dos
fretes. No vale do Araguaia, a porção mais rica do estado, concentra-se a
criação de gado bovino, destinado principalmente ao corte, e suíno.
Extrativismo
Entre os produtos minerais do
estado de Tocantins, destaca-se o cristal de rocha. Há também depósitos de
bauxita, calcário, cassiterita, gesso e ouro, mas o potencial mineral permanece
inexplorado. Tem importância econômica também a extração de babaçu, mamona,
pequi, castanha-do-pará e madeira de lei (mogno).
Indústria
Em 1986, das dez mil
indústrias localizadas no antigo estado de Goiás, apenas 726 estavam no
território do atual Tocantins, e a maioria processava produtos alimentícios. O
índice de industrialização era, portanto, muito reduzido, mas a criação do novo
estado atraiu grandes empresas para Araguaína — o principal centro industrial —
e Gurupi.
A diversificação da economia
tocantinense encontra como seus principais obstáculos a distância do estado com
relação aos grandes centros consumidores e o frágil mercado local. A produção
industrial baseia-se em algumas empresas de médio porte e numa grande
quantidade de microempresas. As principais atividades industriais são a
fabricação de móveis, manilhas, telhas, tijolos, calcário, cimento, produtos
metalúrgicos leves e madeiras para a construção.
Energia
O potencial hidrelétrico do
estado, ainda não totalmente explorado, concentra-se na bacia dos rios Araguaia
e Tocantins. No início da década de 1990, seis usinas hidrelétricas, entre as
quais Isamu Ikeda, Lajes e Lajeado, geravam sessenta por cento da energia que
abastecia o estado. A usina de Cachoeira Dourada, instalada no rio Paranaíba
(Itumbiara GO) é outra importante fonte de energia para o estado.
Transporte
O estado de Tocantins é
cortado de norte a sul pela rodovia Belém-Brasília (BR-153 e BR-226, que
alcança Estreito MA). Pela BR-320, não pavimentada, tem-se acesso à região do
Bico do Papagaio, no extremo norte do estado. As demais ligações entre os
municípios do estado são feitas por estradas vicinais, em precárias condições
de conservação. A Transamazônica cruza o extremo norte do estado.
Cultura
Entidades culturais
A Universidade do Estado de
Tocantins (Unitins) divide-se em vários centros regionais. Porto Nacional sedia
os cursos de saúde pública; Araguaína, o de medicina veterinária; Miracema, os
de administração pública e formação de professores; Gurupi, os do complexo
agrícola; e Palmas, os cursos de engenharia e tecnologia.
Monumentos
Entre os principais monumentos
do estado de Tocantins estão a catedral de Nossa Senhora das Mercês, construída
em 1904 pelos padres dominicanos em Porto Nacional; a igreja de Nossa Senhora
do Rosário dos Negros, em Natividade; e a igreja de Nossa Senhora da
Consolação, erguida no final do século XIX, em Tocantinópolis.
Turismo
As paisagens naturais e as
cidades históricas estimulam o desenvolvimento do turismo no estado. A
principal atração é a ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo, formada
por uma bifurcação do rio Araguaia. Com cerca de 20.000km2, um território no qual
correm numerosos rios e que inclui a lagoa Grande (uma das maiores do Brasil),
tem pesca abundante, que atrai turistas do país e do exterior.
A ilha abriga o Parque
Indígena do Araguaia, habitado por índios Carajás e Javaés, e, no norte, o
Parque Nacional do Araguaia, destinado a preservar a flora e a fauna locais. As
praias dos rios Tocantins e Araguaia e a lagoa da Confusão, perto de
Cristalândia, são outros centros de atração.
As principais cidades
históricas são Porto Nacional, Natividade e Monte do Carmo. Natividade é
considerada a capital cultural do estado e preserva em seu casario e ruas
estreitas traços da arquitetura característica do ciclo do ouro (séculos XVIII
e XIX). Também integram o circuito do turismo cultural do estado os garimpos de
Tenente, os aquedutos usados na lavagem do ouro, o quilombo da Chapada e
algumas festas tradicionais, como a romaria do Senhor do Bonfim, em Natividade.
Pará histórico
O Estado do Pará é o segundo
maior estado do Brasil, está situado na região
Norte, cortado pela linha do equador e pelo rio Amazonas. É limitado ao norte
pela Guiana, o Suriname e o estado do Amapá, a nordeste pelo oceano Atlântico,
a leste pelos estados do Maranhão e de Tocantins, ao sul pelo estado do Mato
Grosso e a oeste pelo estado do Amazonas, tendo a superfície de 1.253.164 km2,
que corresponde a 14% da área nacional, e como capital a cidade de Belém, maior porto da
Amazônia.
Localização: Região: Norte
Estados limítrofes: Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Amapá e Roraima.
Capital: Belém
Área Total: 1.247.689,515 km² (2º no Brasil).
População (2017): 8 366 628 hab. (9º)
Densidade: 7,7 hab./km² (21º).
Economia (2015):
PIB R$130.883.000 (11º)
PIB per capita: R$16,009.98
(22º).
Indicadores (2000):
2010/2015
|
|
- Esper. de vida (2015)
|
71,9 anos (21º)
|
- Mort. infantil (2015)
|
17,1‰ nasc. (11º)
|
- Alfabetização (2010)
|
88,8% (16º)
|
- IDH (2010)
|
IDH: 0,755 (2005) (16º) – médio
Esperança de vida: 71,4 anos (13º)
Mortalidade infantil: 25,2/mil nasc. (15º)
Analfabetismo: 12,5% (16º)
Esperança de vida: 71,4 anos (13º)
Mortalidade infantil: 25,2/mil nasc. (15º)
Analfabetismo: 12,5% (16º)
Bandeira do Pará.
Brasão do Pará.
O aspecto físico predominante
no Pará é dado pelo rio Amazonas,
que atravessa 800 km do estado de oeste para leste, até atingir o oceano
Atlântico com uma descarga que equivale a 1/4 das águas despejadas nos oceanos
por todos os rios do globo. Recebe pela margem direita os grandes tributários, rios Tapajós, Xingu e Tocantins, e
pela margem esquerda os rios
Trombetas, Paru e Jari. Na várzea do Amazonas, próximo à fronteira com o estado
do Amazonas, encontram-se numerosos lagos como o Grande e o de Curaí. Na
embocadura do Amazonas encontra-se a ilha de Marajó, com 42.964 km2. O rio
Tocantins é responsável pela maior parte do caudal do rio Pará, no lado sul da
ilha, enquanto a corrente principal do Amazonas passa ao norte. Os rios Pará e o Amazonas são ligados por inúmeros canais.
Relevo, Clima e Vegetação
O território do estado é marcado por quatro regiões: terras baixas ou várzea do vale do Amazonas; terra firme ou baixos platôs sedimentares terciários; depressões formadas nos embasamentos cristalinos na Amazônia setentrional e meridional e planaltos residuais da Amazônia setentrional e meridional.
A umidade e a temperatura
são muito elevadas e as médias
anuais estão acima de 26°C. Há grandes diferenças térmicas entre o dia e a
noite, principalmente no interior, pelo fenômeno da continentalidade, mas as
variações anuais são pequenas, marcadas somente pela presença maior ou menor de
chuvas. Predomina em todo o estado a Floresta Amazônica, distinguindo-se dois
tipos: mata de terra firme, onde ocorre a castanheira, e mata da várzea, onde
cresce a seringueira. Existe ainda vegetação de campos em Marajó e vegetação de
cerrado no sul.
História e memória
Só em finais do século XVI, com a união das monarquias ibéricas (1580-1640), o território do atual Pará, que pertencia à Espanha pelo Tratado de Tordesilhas, começou a ser colonizado. E esse impulso foi dado, principalmente, porque a foz do Amazonas estava sendo ocupada por holandeses, ingleses e franceses que fizeram fortes e pequenos núcleos para exploração das “drogas do sertão” (madeiras, animais silvestres etc.). Após a expulsão dos franceses da ilha de São Luís, no Maranhão, o governo português fundou o forte de Presépio, origem da futura Belém, em 12 de janeiro de 1616. A criação do estado do Grão-Pará e Maranhão, separado do estado do Brasil em 1621, incentivou não só a coleta das “drogas do sertão”, mas o cultivo da cana, do algodão, do café e do cacau e a vinda de colonos. Provocou ainda a catequese da imensa população indígena, com a instalação de várias ordens religiosas. Muitos conflitos entre missionários e colonos se deram pela exploração da mão-de-obra indígena, motivando a prisão e expulsão do padre Vieira em 1661. Mais tarde foi criada a Cia. Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, para fomento da região com a introdução de escravos negros.
Como os conflitos perduravam,
Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês
de Pombal expulsou os jesuítas e
publicou o Diretório dos Índios
(1758), proclamando a primazia da autoridade civil sobre as missões. O século
XVIII foi de grande progresso para o Pará, com a vinda de muitos açorianos e a
elevação de vários núcleos à categoria de vilas. No século XIX, depois da independência,
a Província do Pará viu-se envolvida em conflitos armados como a Cabanagem, que
chegou a proclamar a separação do restante do Brasil. No fim do século passado
e primeiro quartel do século XX, a exploração
da borracha deu um enorme impulso
econômico à região, que teve pouca duração ao não conseguir concorrer com a
produção asiática.
Desenvolvimento atual
A estagnação econômica que se seguiu à queda da borracha só foi interrompida com a política governamental de criação de órgãos públicos especialmente voltados para a Amazônia. Em 1953, criou-se a Superintendência do Plano de Valorização da Amazônia (SPVA), com a alocação de volumosos recursos e elaboração de projetos. Na década de 70, a abertura de grandes rodovias (Belém-Brasília e Transamazônica) e a criação de núcleos agrícolas procuraram integrar a região às outras do país e fomentar o povoamento. A descoberta de imensas jazidas minerais na região da serra dos Carajás, principalmente de ouro e ferro, tem deslocado nova frente populacional do Nordeste e de outras regiões do país e provocado muitos conflitos sociais. Manganês na bacia do rio Vermelho, afluente do Itacaiuna, bauxita no vale do Trombetas, calcário em Itaituba e Marabá e sal-gema no médio Amazonas são as grandes riquezas da região. O estado é marcado pelas indústrias extrativas minerais já citadas, pela extração de madeiras, pela pecuária de bovinos e de búfalos, pela agricultura de arroz, juta, plantas oleaginosas, mandioca, pimenta-do-reino e sisal e pela extração da castanha-do-pará e da borracha.
A Capital paraense
Belém é a capital do Estado do Pará, situado no norte do Brasil, e o principal porto do curso inferior do rio Amazonas, perto do equador, no estuário do rio Pará, braço do Amazonas. No porto podem atracar navios transatlânticos e nele existe uma base naval. Fundada em 1616 pelos portugueses, Belém deve sua importância comercial à abertura do Amazonas ao comércio internacional, no final do século XIX, e ao período de auge da borracha, entre 1890 e 1920, quando firmou sua posição de grande intermediário exportador das riquezas amazônicas e importador da enorme variedade de produtos europeus que os donos de seringais e fazendas consumiam.
Brasão de Armas de Belém.
Bandeira de Belém do Pará.
Prefeitura municipal de Belém, Palácio Antônio Lemos.
Belém, às margens da baía do Guajará e ao fundo Ver-o-Peso.
Localização de
Belém do Pará.
Na época da borracha a cidade
se modernizou calçando suas ruas, abrindo esgotos, instalando a eletricidade e
os primeiros sistemas de transporte coletivo urbano, além de embelezar-se com
edifícios públicos como o Teatro
da Paz. Ao período de relativa decadência provocado pelo fim do boom da
borracha seguiu-se, nos anos 50, uma retomada do desenvolvimento que se manteve
com diferentes ritmos até hoje, quando Belém se firma como centro de serviços e
financeiro para toda a região Norte.
Praça da República
e o Teatro da Paz.
A borracha continua sendo um
dos principais produtos de exportação. Outros produtos importantes são as castanhas,
o cacau, a juta e as madeiras nobres da região. Na cidade existem serrarias,
lojas de máquinas, estaleiros e fábricas de ladrilhos e telhas.
Atualmente, Belém combina
moderna edificação e hotéis de nível internacional com os prédios e fortificações
que datam do período colonial. A cidade, centro cultural da região Norte do
Brasil, é sede da Universidade Federal de Pará (1957) e do Museu Emílio Goeldi,
que guarda coleções zoológicas e etnológicas do Amazonas famosas no mundo
inteiro, além do Instituto Agronômico do Norte, especializado em pesquisar as
formas de desenvolvimento agropecuário mais adequadas às características da
Amazônia.
Belém tem uma íntima ligação
com a floresta, como podemos observar na intensa arborização do centro da cidade,
coberto por verdadeiros túneis de mangueiras. No perímetro urbano, há diversos
bosques, parques zoobotânicos e florestas, dentre os quais se destacam o Bosque Rodrigues Alves e o parque do Museu Paraense Emílio Goeldi, este
último com mais de 100 anos de existência. O último parque a ser criado, o
Parque Ambiental de Belém, fica na Floresta
do Utinga. A cidade também mantém registros de sua forte ligação com os povos
indígenas, mantendo espaços nos quais se podem encontrar peças genuínas da
cerâmica marajoara e tapajônica.
Em Belém também se situa o Mercado de Belém, também chamado de
"Ver-o-Peso", foi construído no século XIX, período áureo da extração
da borracha. Localiza-se em Belém, estado do Pará. Em 1866, foi inaugurada uma
linha inglesa de navegação entre Liverpool e a capital paraense. As transações
comerciais se acentuaram e foi necessário construir um mercado para atender à
demanda de comerciantes ingleses, alemães e norte-americanos. O mercado segue o
estilo neoclássico, da belle époque brasileira, e as estruturas de ferro que o
sustentam foram importadas da França. Também de ferro rendilhado são os
pórticos e os detalhes da fachada, com desenho de folhas rendilhas. A escadaria
central, vazada, acentua o valor arquitetônico do projeto atribuído ao
engenheiro francês Eiffel.
Mercado do Ver-o-Peso.
Centros científicos de pesquisa
A Universidade Federal do Pará (UFPA), instituição pública de ensino superior fundada em 1957. Localizada às margens do rio Guamá, em uma paisagem que retrata as raízes de uma universidade voltada para a cultura amazônica. Possui cerca de 46 cursos de graduação, além de outros de especialização, mestrado e doutorado, reunidos em 11 centros e cinco núcleos de integração, bem como dois Hospitais Universitários e uma Escola de Aplicação que oferece ensino médio e fundamental para os filhos de seus servidores. A Universidade Federal do Pará mantém a liderança na comunidade científica do Norte do país, colocando-se à frente dos avanços tecnológicos e também na relação com a comunidade, dando o suporte técnico necessário ao desenvolvimento social da região e absorvendo a experiência da população como subsídio ao seu próprio desenvolvimento.
O Museu Emilio Goeldi, instituto do
Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) do Ministério de Ciência e Tecnologia, tem
como objetivo produzir e difundir conhecimentos e acervos científicos sobre
sistemas naturais e socioculturais relacionados à Amazônia. Fundado em 1866,
por iniciativa de intelectuais locais interessados em estudar a flora, a fauna
e a constituição geológica da região, o museu teve um importante papel no
desenvolvimento das Ciências Naturais no Brasil do século XIX. Fechado em 1888,
foi reinaugurado na década de 1890, em decorrência do desenvolvimento da
borracha, sendo dirigido, nessa ocasião, pelo naturalista brasileiro de origem
suíça, Emílio Goeldi (1859-1917), que reformou suas estruturas e criou duas
revistas - Boletim do Museu Paraense e Memória do Museu Paraense. Atualmente
desenvolve atividades de pesquisa e ensino em biologia, ciências humanas e
ciências da Terra, além de possuir um volumoso acervo constituído de coleções
nas áreas de arqueologia, antropologia, botânica e zoologia.
Localidades: cidades e municípios
A Ilha de Marajó é considerada a maior ilha
fluviomarítima do mundo, com seus 50.000 km2 de área, faz parte de um grande
conjunto de ilhas situadas numa reentrância da costa brasileira denominada
Golfão do Amazonas, a maioria delas formadas por sedimentos oriundos do rio
Amazonas. Algumas são de grande extensão como Grande Gurupá, com 4.864 km2,
Mexiana, com 1.534 km2 e Caviana com 4.968 km2. Situada na foz do complexo
hidrográfico Amazonas/Pará, Marajó tem uma origem mista pois foi formada em
parte por sedimentos fluviais recentes, em sua porção ocidental, na qual
predominam as matas de várzea, enquanto a parte oriental é formada por terrenos
consolidados datados do pleistoceno (quaternário antigo), separados
tectonicamente do continente.
Policial montado em um búfalo no Marajó, cena típica nas cidades da ilha.
O tamanho e a posição de
Marajó no delta-estuário do Amazonas/Pará separam dois grandes ambientes
hidrográficos: as formações típicas de delta do Amazonas, que correspondem à
porção norte do golfão entre Marajó e o litoral do Estado do Amapá, e a
formação estuaria do Rio Pará na porção sul, entre Marajó e o litoral do Estado
do Pará. Ligando esses dois ambientes, uma série de canais estreitos chamados
localmente de furos, garantem a separação entre a Ilha de Marajó e o
continente, num espaço em constante processo de assoreamento. Seu relevo plano
e seu litoral baixo e alagado permitiram a introdução da cria de búfalos,
animais muito bem adaptados a esse tipo de terreno. Além das fazendas de
búfalo, o extrativismo vegetal de palmito é outra atividade econômica
importante na ilha. Breves, Soure, Curralinho, Salvaterra e Muaná são as
principais cidades da ilha, quase todas localizadas no litoral da baía de
Marajó, ligando-se por barco a Belém, capital do Estado do Pará.
Ilha do Mosqueiro,
situada às margens do rio Pará, braço sul da grande foz do Amazonas, é o
principal balneário da cidade de Belém no estado do Pará. Formada pelos
sedimentos trazidos pelos rios Amazonas e Tocantins, a ilha do Mosqueiro
apresenta 17 km de praias fluviais distribuídas na margem oeste, banhada pelo
rio Pará; em sua margem leste, está o estreito canal chamado Furo das Marinhas.
Seu relevo é totalmente plano, característica das ilhas formadas por sedimentos
recentes do período quaternário e sua vegetação é típica do clima equatorial,
com muitas palmeiras e manguezais. Por ser a única opção de praia para os
habitantes de Belém, sua ocupação nos fins de semana torna-se problemática,
impactando seriamente as praias da ilha, por não haver um eficiente tratamento
do esgoto sanitário. Seu acesso rodoviário também é influenciado pela grande
distância de Belém, apesar de estar ligada ao continente pela ponte Sebastião
Oliveira que cruza o Furo das Marinhas.
Entrada de
Mosqueiro.
Castanhal,
cidade do estado do Pará, no norte do Brasil. Liga-se à capital, Belém, por
ferrovia (68 km pela estrada de ferro de Bragança) e rodovia (66 km). A
construção da rodovia Belém–Brasília, nos anos 60, estimulou o crescimento da
região, cujos primeiros povoadores foram migrantes nordestinos. O nome da
cidade foi dado devido a uma castanheira que ficava em frente à estação
ferroviária, construída entre 1900 e 1908. O município foi criado em 1932, com
o desmembramento de parte do território de Belém. As principais atividades
econômicas se estruturam em torno da madeira, farinha de mandioca, arroz,
fibras vegetais e pimenta-do-reino.
Barcarena,
cidade do estado do Pará, no norte do Brasil, situada às margens do rio
Mucuruçu, dista 49 km da capital do estado, Belém, por via fluvial. Antes de
1709, Barcarena se chamava Fazenda Gebirié, mais tarde Missão Gebirié, da
Companhia de Jesus, habitada por índios da tribo dos anuás. Constituiu-se em
freguesia com o nome de São Francisco Xavier de Barcarena. Em 1952 foi
organizada a mudança da cidade para a margem do rio Mucuruçu, facilitando a
navegação das embarcações que se dirigem ao rio Amazonas e afluentes. O clima é
equatorial superúmido, com chuvas abundantes entre janeiro e junho. As principais
atividades econômicas do município são a extração de argila para a fabricação
de tijolos e telhas, borracha, madeiras e a cultura de pimenta-do-reino.
Abaetetuba,
cidade do estado do Pará, na região Norte do Brasil. Está situada na margem
direita da foz do rio Tocantins, em frente à baía de Marapatá. Sua altitude é
de 10 metros, o clima quente superúmido, com chuvas abundantes de janeiro a
junho. Dista 73 km da capital do estado, Belém. As primeiras incursões do homem
branco na região ocorreram a partir de 1745, quando famílias portuguesas e
frades capuchinhos fundaram o convento do Una. A primeira denominação da cidade
foi Abaeté, que significa "homem forte e valente". Em 1881 foi
instalada a Câmara Municipal, mas somente em 1895 Abaeté foi elevada à condição
de cidade. Pelo decreto-lei de 1943, que dispunha sobre a duplicação dos
topônimos de cidades, Abaeté passou a denominar-se Abaetetuba. A principal atividade
econômica da região é a produção de aguardente, seguida da fabricação de
farinha de mandioca e da extração de madeira e borracha.
Vigia é um município brasileiro do estado do
Pará. O município foi criado em 1616, seis dias antes da fundação da também paraense
Belém do Pará. Sua população estimada em 2006 era de 42.214 habitantes.
A famosa igreja de pedra de Vigia.
Tucuruí, cidade do estado do Pará, no norte do Brasil, situada a uma altitude de 42 metros, com clima quente super-úmido. Liga-se por rodovia e via fluvial à capital do estado, Belém (a 400 km de distância). A povoação foi fundada em 1781 com objetivos militares e fiscais de controle sobre a região do rio Tocantins, por onde trafegava muito ouro retirado das minas de Goiás. Por lei de 1875 a freguesia de São Pedro de Pederneiras foi denominada São Pedro de Alcobaça. A denominação durou até 1943, quando por decreto foi estabelecida a denominação de Tucuruí. A hidrelétrica de Tucuruí, sobre o rio Tocantins, permitiu o processamento industrial do alumínio em Barcarena e da celulose em Jari. A Estrada de Ferro Tocantins, com 179 km, liga Tucuruí e Jatobá. As principais atividades econômicas da região são a extração da castanha-do-pará, madeiras e couros.
Santarém,
porto fluvial do estado do Pará, no norte do Brasil. Está situada na margem
direita do rio Amazonas, junto à foz do rio Tapajós, a uma altitude de 51
metros. Seu clima é equatorial úmido, e dista 1.369 km por rodovia da capital
do estado, Belém. As principais atividades econômicas são a indústria da
madeira, transporte, frigoríficos, produção de borracha, extração da
castanha-do-Pará e juta, além de constituir um centro comercial regional.
Depois da entrada na região, os jesuítas iniciaram um núcleo de catequese na
aldeia dos índios tapajós, por volta de 1660. Um forte foi estabelecido no
local em 1697. Foi elevada à categoria de vila em 1758 e à de cidade em 1848.
Uma das atrações turísticas é o antigo projeto de plantação de borracha da Ford
em Belterra, a Fordlândia, hoje viveiro do Ministério da Agricultura.
Orla de
Santarém, às margens do rio Tapajós.
Marabá,
cidade do estado do Pará, no norte do Brasil, situada na confluência dos rios
Tocantins e Araguaia. Está dentro da área de influência da capital, Belém, e
por sua vez exerce um papel central em relação os municípios de Brejo Grande do
Araguaia, Eldorado dos Carajás, São João do Araguaia, Itupiranga e Bom Jesus do
Tocantins. Com altitude de 84 metros, tem clima quente superúmido e está ligada
por rodovia à capital do estado (654 km). Situada no entroncamento da estrada
Transamazônica, suas principais atividades econômicas são a extração de
madeira, castanha-do-pará, babaçu, diamantes, cal e argila. Como é comum nas
regiões de exploração de minérios onde há fluxos migratórios intensos, os
conflitos pela posse da terra são frequentes e por vezes violentas. O município
foi criado em 1913, e em 1995 contava com uma população de 123.668 habitantes.
Parauapebas, cidade do estado do Pará, no norte do Brasil. Dista cerca de 700 km da capital do estado, Belém, à qual está ligada pela rodovia Belém-Brasília e pela rede fluvial do Tocantins. É um centro regional importante, que exerce influência sobre municípios vizinhos, como Curionópolis. Seu crescimento recente deve-se a novas riquezas minerais exploradas na região e ao crescimento de cidades vizinhas no estado de Tocantins, recém-dividido do estado de Goiás. Constitui uma das recentes fronteiras migratórias e, em consequência, é cenário de tensões sociais pela posse da terra. Elevada à condição de cidade em 1989.
Parauapebas, cidade do estado do Pará, no norte do Brasil. Dista cerca de 700 km da capital do estado, Belém, à qual está ligada pela rodovia Belém-Brasília e pela rede fluvial do Tocantins. É um centro regional importante, que exerce influência sobre municípios vizinhos, como Curionópolis. Seu crescimento recente deve-se a novas riquezas minerais exploradas na região e ao crescimento de cidades vizinhas no estado de Tocantins, recém-dividido do estado de Goiás. Constitui uma das recentes fronteiras migratórias e, em consequência, é cenário de tensões sociais pela posse da terra. Elevada à condição de cidade em 1989.
Altamira é um município brasileiro do estado do
Pará. Sua população estimada em 2008 era de 96.842 habitantes. Situado em plena
selva amazônica, a 740 quilômetros de Belém e 458 quilômetros de Marabá, o
município de Altamira tem seu vasto território cortado de norte a sul pelo rio
Xingu, que domina sua zona fisiográfica. Altamira possui uma área de 161.445,9
km², o que a torna o maior município do Brasil e do mundo em extensão
territorial. No município de Altamira inicia-se a "volta grande do
Xingu", trecho sinuoso e cheio de cachoeiras do Rio Xingu onde, no final
do trecho, será construída a Hidrelétrica de Belo Monte. Essa hidrelétrica, com
capacidade de 11.182 MW, será a terceira maior do mundo, após Três Gargantas,
na China, e Itaipu, entre o Brasil e Paraguai), inundará cerca de 400 km²,
principalmente nos municípios de Vitória do Xingu e Altamira.
São Félix do Xingu é um município brasileiro do estado do
Pará. As origens de São Félix estão intimamente ligadas ao município de Altamira.
Em 14 de abril de 1874, através da Lei nº 811, foi criado o município de
Sousel, do qual Altamira fazia parte. Na primeira década do século XX, o
governo desmembrou aquele Município, criando o de Xingu, com sede em Altamira.
Em 29 de dezembro de 1961, durante o governo de Aurélio do Carmo, através da
Lei nº 2.460, foi criado o Município de São Félix do Xingu, com área
desmembrada do Município de Altamira.
Oriximiná é um município brasileiro do estado do
Pará. Localiza-se a uma latitude 01º45'56" sul e a uma longitude
55º51'58" oeste, estando a uma altitude de 46 metros. O desbravamento, em
1877, foi feito pelo padre José Nicolino de Souza, nascido em Faro, onde fundou
uma povoação, denominando-a Uruã-Tapera ou Mura-Tapera. O nome Oriximiná é de
origem indígena, de procedência tupi, que significa “o macho da abelha”, o
zangão. É o segundo maior município do Estado do Pará, possui uma área de
107.604,4 km², só superado pelo município de Altamira (161.445,91 km²) em
extensão territorial.
Bragança é um município brasileiro do estado do
Pará. Em 1622 o território de Bragança pertencia à Capitania de Gurupi. A área
foi doada por Filipe III de Espanha à Gaspar de Souza, governador-geral do
Brasil. Em 1634 foi fundado um povoado nas margens do Rio Caeté por Álvaro de
Souza e transferido para a outra margem devido ás dificuldades encontradas com
a comunicação do povoado com Belém. Em 1854 um decreto presidencial criou o
município de Bragança.
Obelisco do
Centenário de Adesão de Bragança à Independência do Brasil (1823) e Igreja
Catedral de N. S. do Rosário, na Praça da Catedral.
CAMETÁ: NARRATIVA HISTÓRICA
HINO DE CAMETÁ
LETRA:
PE. MANUEL ALBUQUERQUE
MÚSICA:
JUVÁL ALVES DE ALENCAR.
I
ENTRE AS LINDAS
MUCAMAS DO NORTE,
DESTE IMENSO E
QUERIDO PARÁ,
UMA EXISTE, MAIS
BELA, MAIS FORTE,
MAIS AUDAZ, MAIS
FIEL: - CAMETÁ!
CONTRA AS HOSTES
DA GREI FORASTEIRA,
QUE ESTRONDEIA O
CRUEL BACAMARTE,
ELA SABE, EM PIROGA LIGEIRA ,
MANEJAR ARCO E
FLEXA COM ARTE.
ESTRIBILHO
TENHO ENLEVO DE
SER BRASILEIRO
DA AMAZÔNIA SEM FIM,
- DO PARÁ,
E PROCLAMO,
TAMBÉM, SOBRANCEIRO, (BIS)
O MEU BERÇO FELIZ:
- CAMETÁ!...
II
NO COMBATE FEROZ,
LADO A LADO,
HÁ PRODÍGIOS DE
FORÇA E VALOR,
MAS O LUSO, EM BATALHA TREINADO ,
SE LEVANTA, POR
FIM, VENCEDOR.
PELA FORÇA DAS
ARMAS VENCIDA,
DEUS MONSTROU QUE
A VENCIDA VENCEU,
E ÁS BELEZAS DA FÉ
CONVERTIDA,
NOVA RAÇA DE
BRAVOS NASCEU.
ESTRIBILHO...
III
CAMETÁ- PORTUGAL
SÃO AGORA
NOIVA E NOIVO
ENCANTADOS DE AMOR!...
O COMBATE
FINDOU... NINGUÉM CHORA...
FOI O AMOR QUE
SAIU VENCEDOR!...
SOBRE OS CAMPOS DE
SANGUE BANHADOS
SURGE A VIDA, - (E
A CIDADE TAMBÉM), -
DE ONDE SURGEM
TRÊS GRANDES PRELADOS
QUE SÃO GLÓRIA
IMORTAL DE BELÉM!...
SÍMBOLOS DO MUNICÍPIO
Em 08 de junho de 1971, através da lei nº 322, foram criados os símbolos do
Município, providência que veio preencher uma lacuna injustificável numa terra
de largas e decantadas tradições culturais como efetivamente o é a nossa. A
ideia surgiu da mente de um cametaense ilustre que não mede esforços no sentido
de projetar o nome de sua terra natal. É, portanto, a Manoel Mário Martins, que devemos a concretização de tão importante
vitória. Na verdade a Bandeira e o Hino de Cametá, são verdadeiras obras de
arte.
A BANDEIRA
1) CRUZ DOS CRUZADOS.
Homenagem ao Custódio Frei Cristóvão de
LISBOA, fundador da Aldeia de Santa
Cruz de Camutá, em 03 de outubro de 1625;
2) O ARCO E A FLECHA.
Representam as armas combatentes dos aborígenes da época;
3) OS REMOS. Simbolizam o precário transporte de que se
serviram para as conquistas;
4) A FAIXA AZUL.
O azul de nosso céu;
5) A FAIXA BRANCA.
Simboliza a paz da conquista;
6) A FAIXA VERDE.
Simboliza a beleza da selva amazônica.
O BRASÃO DE ARMAS DO MUNICÍPIO*
Esse importante trabalho foi
executado pelo cametaense Ivan do
Socorro Veloso. A seguir damos em resumo, a descrição fornecida pelo autor
da obra:
1) Ao alto, à sinistra, a
bandeira do Município e, à destra, uma árvore, representando a nossa produção
agrícola, vendo-se ao fundo o sol nascente;
2) Em baixo, à destra,
paisagem fluvial, representando a produção de pesca e, à sinistra, a cruz
dourada em fundo azul representando a Fé cristã do povo cametaense;
3) As bordaduras douradas
representam as nossas riquezas minerais;
4) As duas palmas,
entrelaçadas, representam os nossos principais produtos agrícolas (sernambi e
cacau);
5) No listel, a inscrição
“Município de Cametá”.
ASPECTOS HISTÓRICOS
Francisco I, rei da França ao tomar conhecimento da Bula Inter-Coetera, que dividia o mundo
entre Portugal e Espanha, teria dito que gostaria de conhecer a cláusula do
testamento de Adão que assim determinava, excluindo as outras nações cristãs da
partilha. Piada histórica ou não, a verdade é que a França, assim como a Inglaterra
e a Holanda, sempre lutaram por participar das novas terras descobertas. E se
fizeram presentes do norte ao sul do continente americano, inclusive no Brasil
através de frustradas invasões e tentativas de colonização, das quais foram
principais as dos holandeses na Bahia (1624/1625) e em Pernambuco
(1630/1654) e as dos franceses
no Rio de Janeiro (1555/1567) e no Maranhão (1612/1615). Esta última nos
interessa mais de perto.
Após descoberto o Brasil,
Portugal estava mais preocupado com suas transações comerciais com as Índias.
Enviou para a nova terra expedições
exploradoras, expedições
guarda-costas e somente em 1530
é que veio a expedição exploradora de Martim
Afonso de Sousa. Mas a terra descoberta era grande demais e foi então
criado o Sistema de Capitanias
Hereditárias, que também não lograram êxito. Veio a experiência de Governos-Gerais, a experiência de
governos bipartidos com um governo do norte, na Bahia e outro do sul, no Rio de Janeiro e
a colonização efetiva não chega ao extremo norte do Brasil. Aproveitando-se do
fato, a França elabora um projeto grandioso: instalar no Maranhão a França Equinocial.
Em 1612, após muitos preparativos, uma grande expedição foi organizada
e conseguiu-se o patrocínio quer de pessoas de nobreza francesa, quer da própria
Coroa comandada por Daniel de La Touche , Senhor de La
Ravardiere e contando com o apoio decisivo de Charles de Vaux e Jacques Riffault e
ainda François de Razilly, Senhor de
Razilly e Aunelles e Nicolau de Harlay, Senhor de Sancy, Barão de Molle e
de Gras-Bois, além de outros.
Chegando ao território do Maranhão, os franceses trataram de conquistar a
simpatia das diversas tribos indígenas, o que conseguiram com certa facilidade.
Após se instalarem, foi construído um forte que recebeu o nome de “Saint-Louis” (São Luís) em homenagem
ao rei da França Navarra, ainda menino, Luis
XIII. Em 8 de setembro de 1612 foi formalmente fundada a colônia e consequentemente a França Equinocial.
Enquanto os franceses
comemoram o evento e vão se instalando e procurando interiorizar a França
Equinocial, os portugueses, ao tomarem conhecimento, organizam uma tropa sob o
comando de Jerônimo de Albuquerque,
que recebeu o título de Capitão da Conquista e Descobrimento das terras do
Maranhão. Após vários combates pequenos, foi travada em 19 de novembro de 1614 a batalha de Guaxenduba na qual os franceses foram
derrotados. Após esta batalha, foi assinada uma trégua, mas, tendo os
portugueses recebidos esforços comandados por Alexandre de Moura,
Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Aviz, em 3
de novembro de 1615 os franceses capitulam definitivamente, sendo obrigados a
retirar-se.
Sabendo pelos franceses que
povos de várias nacionalidades faziam incursões mais ao norte e mesmo
adentravam os rios, Alexandre de Moura
designou Francisco Caldeira Castelo
Branco para garantir tais áreas para o governo de sua majestade, o rei de
Portugal. E Castelo Branco recebeu para tal missão o título de descobridor e
primeiro conquistador do
Amazonas. Castelo Branco
apronta sua expedição a 25 de dezembro de 1615, dia de Natal de Jesus e parte em direção as terras do Pará,
o que faz em três embarcações: “Santa
Maria Candelária”, “Santa Maria da Graça” e “Assunção”. Foram dezoito dias
de viagem de S. Luís até a Baía de Guajará, nos quais Castelo
Branco buscou e pesquisou uma área em que pudesse se estabelecer com segurança
um núcleo colonial. Ao chegar ao Guajará dia 12 de janeiro de 1616, acabou por escolher a área onde
hoje está o Forte do Castelo a ali
ergueu um primeiro fortim de madeira,
a que chamou Presépio em homenagem
ao dia de sua partida. No interior do fortim foi construída uma capela em honra a Nossa Senhora da graça. Ao local chamou de Feliz Lusitânia, invocando a proteção de Nossa Senhora de Belém ou
Santa Maria de Belém.
Os portugueses fixaram-se no
Pará e tornaram-se senhores das terras e dos nativos. Construíram núcleos de
defesa - os fortes e fortalezas - em torno dos quais
surgiram os primeiros povoados. Em 1616
foi construído, às margens da Baía do
Guajará, um forte, que foi denominado “Forte
Presépio” e ao seu redor surgiu o povoado “Feliz Lusitânia”. Este forte foi construído numa parte alta,
localizado entre os rios Guamá e Pará. Em seu interior foi construída uma
capela tosca. Tempos depois, este Forte passou a chamar-se Forte do Castelo e o povoado ligado a ele tornou-se a cidade de Santa Maria de Belém, Belém atual.
Além dos Fortes do Castelo e
da Barra (perto de Val-de-Cães), foram construídos outros
no interior: como a fortaleza de Pauxis
(Óbidos), a do Tapajós (Santarém), a Casa do Forte do Rio Guamá (Ourém), a Vigia da Ilha de Bragança (Vigia),
a de São José de Macapá (Macapá), entre outros. Essas
fortificações garantiram o domínio dos lusitanos, e constituíram as bases da
conquista, ajudando na fixação dos marcos geográficos da região. A expansão do
Pará continuou através da fundação de inúmeros povoados e vilas, originados
muitas vezes, de aldeias indígenas ou missões religiosas e que hoje são
importantes cidades do interior paraense: Bragança
(depois de Belém a mais antiga cidade paraense), Cametá, Ourém, Santarém, Vigia, Chaves, Óbidos, Monte Alegre e
outras.
1ª Expedição (1613) O conquistador Daniel de La Touche ,
Senhor de La Ravardiere
(francês) Governador do Maranhão, em
uma de suas andanças pelo Rio Tocantins se deparou com uma população indígena,
eram os índios “Camutás”, que viviam
na margem esquerda do rio Tocantins, eles tinham um jeito peculiar de viver, em
um dos seus relatos o conquistador cita os nomes “Pacajá” e “Parissó”. Por essas
palavras relatadas por Daniel de La Touche , que são típicas
da nossa região, se constata que o núcleo de Cametá é muito mais velho do que
pensava, essa expedição chegou até a Cachoeira
do Itapipoca (atual cidade de Tucuruí), uma das incursões com o objetivo de
expandir o domínio francês. Que durou até as forças portuguesas de Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque, iniciarem a
campanha de retomada de São Luís do Maranhão. Alexandre de Moura, servindo-se
do roteiro geográfico traçado por Daniel
de La Touche ,
organizou a expedição de Francisco
Caldeira Castelo Branco, que sai do Maranhão no dia 25 de dezembro de 1615,
em 12 de janeiro de 1616, fundou a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará (Belém do Pará), e no ano
seguinte 1617, estas mesmas caravelas
se lançam para fundar a Vila Viçosa de
Santa Cruz dos Camutás.
Tão logo é fundada Belém, as
atenções dos colonizadores portugueses voltam-se para a zona do rio Tocantins,
mesmo porque os franceses e holandeses já tinham se estabelecido no nordeste e
feito o reconhecimento para a exploração desta região. Com a expulsão dos
estrangeiros intensificou-se a colonização na região para que a Coroa
Portuguesa não perdesse território em função do Tratado de Tordesilhas. Assim, começa a colonização do Tocantins, mais de um
século após o descobrimento do Brasil, sendo Cametá uma das primeiras
localidades fundadas no Pará.
As primeiras incursões são dos
padres Jesuítas, que no seu afã catequético avançam aos mais longínquos e
inóspitos rincões. Deste modo, o novo Governador do Maranhão e Grão-Pará Jerônimo de Albuquerque, incumbe os
padres Capuchos de Santo Antônio da catequização dos gentios no território que
governava.
Por estas plagas habitavam os
índios Camutás, possivelmente uma tribo pertencente à grande nação Tupinambá,
pois utilizavam o Tupi como idioma. Saliente-se ainda que essa língua já foi a
mais falada nesta região, tanto que ficou registrada na toponímia local. O
primeiro sacerdote a realizar o trabalho de catequese no Tocantins foi o Frei
Cristóvão de São José. Por aqui ele aportou por volta de 1617 numa faixa de
terra que é a primeira porção de terra firme às margens do Tocantins -
Cametá-Tapera. Imediatamente entrou em contato com a tribo dos Camutás,
conhecidos como hábeis remadores em montarias e exímios caçadores. Depois de
árdua catequese conseguiu arrebanhar os índios para a circunvizinhança de uma capela
às margens do rio. Isso ocorreu por volta de 1620, originando-se assim o
primeiro povoamento do Tocantins. Esse povoamento serviria posteriormente como
alicerce para a donataria de Feliciano Coelho de Carvalho, berço original de
Cametá.
A donataria de Camutá foi
concedida a Feliciano Coelho de Carvalho por ato do Governador do Maranhão e
Grão-Pará Francisco Coelho de Carvalho
que em 14 de dezembro de 1633, doou
para seu filho a vasta capitania que cobria todo o vale do rio Tocantins. A
demarcação e a definição da extensão geográfica da mesma foi regulamentada por
Carta Régia de 26 de outubro de 1617.
Ressalta-se que essa demarcação só ocorreu quando o povoado foi elevado à
categoria de Vila no dia 24 de dezembro
de 1635. A Vila Viçosa de Santa Cruz de Camutá,
marco de nascimento do município foi o local diferente donde hoje assenta-se a
cidade, ficando conhecido como Cametá-Tapera. Desde sua criação, Cametá teve
por padroeiro São João Batista,
inclusive esta invocação consta na Carta Régia, comprovando a estreita ligação
da igreja com o Estado naqueles tempos medievais.
Em 1635, Feliciano Coelho de Carvalho ancorou sua caravela na primeira porção
de terra firme da margem esquerda do Rio Tocantins. Encontrou a tribo dos
Camutás já pacificada pelo Frei
Cristóvão de São José e em 24 de
dezembro fundou a Vila Viçosa de
Santa Cruz do Camutá, a primeira cidade no Baixo Rio Tocantins. Mais de
três séculos e meio depois, Cametá tornou-se um dos portos mais importantes do
Pará.
A palavra Camutá é de origem Tupi, e seu significado varia segundo
alguns pesquisadores: de acordo com Jorge
Hurley, Caá - mato, floresta e Mutá ou Mutã - espécie de degrau ou “palanque” instalado em galhos de
árvores, feito pelos índios para esperar a caça ou servir de moradia. Para Carlos Roque, o significado literal de
Cametá é “degrau do mato”, abonado
inclusive por Victor Tamer, pois
derivaria de Camutá. Luiz Tibiriça,
trata o vocabulário como derivado de Caá
+ Mytá - choupana suspensa em árvore para espera de caça. No dicionário
Toponímico da microrregião de Cametá acrescentamos ao significado de Jorge Hurley, o hábito dos índios
Camutás de construírem suas habitações tão altas quanto ás árvores, ou quem
sabe até nas copas destas.
Ignácio Moura discorre na sua viagem pelo vale do Tocantins em 1896, sobre a história da Vila de Santa
Cruz de Camutá. Para ele, a vila passou quase dois séculos ignorada no remanso
da paz doméstica entre o lavor dos lavradores de mandioca, milho, arroz, café,
cacau, extração de óleo de copaíba e azeite de andiroba. Desde seus primórdios
os colonizadores passaram a explorar a região e a buscar mão-de-obra indígena
para escravizar. O próprio Padre Antônio
Vieira, (que segundo Victor Tamer,
foi o maior orador sacro em língua portuguesa que visitou nossa região), por
volta de 1635, condenou essa prática, na tentativa de minimizar o sofrimento
dos indígenas escravizados.
A vizinhança dos povos facilitava
a utilização da mão-de-obra indígena. Os próprios missionários contribuíram
para isso. A ganância dos colonos harmonizada com os escrúpulos dos
missionários, foram decisivos para a escravização indígena. A câmara distribuía
os índios que cabiam a cada morador para servir-lhes gratuitamente por meses a
fio. Os mais fortes eram utilizados nos serviços do Estado. Todavia essa
escravização não propiciava prosperidade à vila, isso ficava visível em uma
outra casa coberta com telhas, segundo Ignácio
Moura, as poucas que tinham cobertura.
Várias ordens religiosas já
cuidavam da orientação espiritual em Cametá. Em 1643, os Capuchinhos de Santo Antônio foram substituídos pelos frades Carmelitas que ficaram por aqui até 1655. De 1693 a 1759 os Capuchos da Piedade estiveram à frente da atividade não só
religiosa, mas também na defesa dos interesses da ordem. Eles foram
substituídos em 1759 pelos Mercenários ou Mercedários que por aqui ficaram até a expulsão patrocinada pelo Marquês
de Pombal. Atualmente, a orientação religiosa católica romana é executada
pela ordem de São Vicente de Paulo,
cujos religiosos exercem desde funções educacionais e de saúde.
Não se sabe precisamente
quando a Vila se mudou do local de
onde partiu Pedro Teixeira para a Conquista do Amazonas em 1637. Entretanto, existem duas hipóteses na mudança para o Sítio Parijó ou Mourajuba, onde assenta-se atualmente a cidade. A primeira informa que entre 1670 e 1690 o Padre Manoel Nunes
achou por bem mudar a Vila em virtude de um surto de varíola, pois tornara-se
um local bastante insalubre. Dessa hipótese comunga o historiador Victor Tamer e outros. Na outra
hipótese, Ignácio Moura afirma que
um grande número de colonos se estabeleceu um pouco mais acima do rio, para se
livrar da tutela imediata da administração do primitivo núcleo; como se sabe,
os donatários eram responsáveis pela cobrança de impostos, sendo que longe
deles era possível escapar da tributação. Por acharem o novo local mais salubre
e de vista aprazível, além de ser possível a sonegação dos tributos, foi
possível consolidar a vila. A nova feitoria se tornou maior e mais próspera que
a primitiva, obrigando-se assim a mudança da sede administrativa para a
localização atual, passando o local original a chamar-se Cametá-Tapera. Segundo
Victor Tamer, Feliciano Coelho de Carvalho recebeu a capitania que abrangia a
região tocantina, incluindo as Donatarias de Cayeté, Gurupá, e Xingu, com sede
na Vila de Santa Cruz dos Camutás. Governou as referidas capitanias até 1754,
quando assumiu a direção o seu herdeiro Francisco Albuquerque Coelho de
Carvalho. A vila dos Camutás, quando governada por Feliciano de Carvalho era
constituída por quatro ruas, pela Igreja do padroeiro da cidade, São João
Batista, comércio regular, extensa e variada produção agrícola.
Em julho de 1754, no reinado de D. Jose I, herdeiro da donataria Francisco Albuquerque Coelho de Carvalho,
descendente do primeiro donatário cedeu, por pensão anual de 3 mil cruzados,
seus direitos sobre a capitania de Cametá. Dessa forma, a donatário foi
incorporada aos domínios da coroa, quando passou na realidade, a gozar
prerrogativas de vila. Das várias Capitanias Hereditárias em que foram
divididas o Estado do Maranhão (incluindo o Pará) poucas deram resultado
esperado, entre elas, a Capitania de Cametá, através da concessão de várias
sesmarias na Amazônia colonial o que reforçou a livre matança de índios que
vivessem nas terras doadas à nobres famílias de portugueses.
Cametá conseguiu organizar um
povoado mais ou menos estável até o início do século XVIII, quando o núcleo
urbano da então Vila de Cametá foi transferido, em 1713, de Cametá - Tapera
para onde, atualmente, localiza-se a cidade e, nas décadas seguintes, já haviam
sido edificados importantes monumentos públicos e privados, destruídos, pela
ação do tempo. Foi com a resolução nº 145, de 24 de outubro de 1848 que Cametá obteve os foros de cidade, pois já era Comarca
desde 30 de abril de 1841, pela Lei
nº 87. O progresso de Cametá nesse
período era visível, grandes melhoramentos foram feitos visando a salubridade
do local. Deste modo, são constituídas as galerias
pluviais e o cais de arrimo,
assim como algumas ruas recebem calçamento de pedras.
Ressalte-se que as sesmarias
de Cametá se estendiam por todo vale do Tocantins. Apenas em 1694 a
primeira sesmaria é concedida, fracionando o território, tratando-se daquela
que originou o município de Baião.
Depois, separou-se de Mocajuba e por
último Limoeiro do Ajuru. Esse
município foi desmembrado pela Lei Estadual nº 2460, de 29 de dezembro de
1961, do distrito de Janua Coeli
pertencente ao município, depois de uma infrutífera emancipação em 1955, considerada inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal.
O município de Cametá é o mais
antigo e tradicional dos baixos rios do Tocantins. Pela sua importância
histórica empresta seu nome à antiga microrregião homogênea do baixo Tocantins
que passou a chamar-se microrregião de Cametá. Com uma história interessante,
Cametá passou recentemente a categoria de Patrimônio
Histórico Nacional pela lei nº 7537,
de 16 de setembro de 1986 pela sua
notável tradição histórica.
Já no início do século XX,
Cametá era formada por 10 distritos judiciários e um administrativo, Joroca,
Juaba, São Benedito, Curuçambaba, Limoeiro, Providência, São Raimundo dos
Furtados, Carapajó e Conceição, e possuía uma população absoluta de 67.082
habitantes, concentrada no interior.
A cidade de Cametá teve o papel destacado, durante
todo o movimento Cabano, foi de Cametá que o Dr. Ângelo Corrêa, foi a Belém,
atendendo ao chamado do Governo Cabano chefiado por Antônio Vinagre, para
assumir a presidência da província, após uma série de desentendimentos, não
pôde assumir o governo. E retorna a Cametá onde toma posse do cargo perante a
Câmara Municipal. Assim, por um breve período, Cametá foi a sede do Governo da
Província. Convém ressaltar que o município sempre teve destacado papel na
história do Pará.
Nas últimas décadas o município passou por algumas
atividades econômicos, daquelas típicas da Amazônia. Assim, se favoreceu
bastante da produção da borracha e do cacau, mas o último com bastante
importância foi a época da pimenta-do-reino, embora não caracterizada como tal. Esses ciclos
favoreceram algumas melhorias nas condições de vida da população.
Apesar da cidade de Cametá ter sido declarada
Patrimônio Histórico Nacional poucos são os benefícios advindos disto. Não é
visível a preservação dos prédios públicos e particularmente de valor histórico
no município, a Câmara Municipal está praticamente em ruínas. Alguns
documentos históricos estão no Museu de Cametá, embora sem catalogação. Parte
do casario antigo da primeira rua foi demolido ou vitimado pela erosão que já
desgastou muito a orla da cidade. Ainda há a destacar prédios seculares como as
igrejas de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro na Aldeia e a Matriz, o Grupo
Escolar D.Romualdo de Seixas e a Prefeitura. Esses prédios integram um roteiro
turístico chamado de Museu Contextual, organizado pela Secult.
Visitando a política cametaense
Cametá, construída ao longo
dos anos como terra de homens notáveis, defensora da ordem pública, cidade do
carnaval, das festas populares, dos fogos de artifício, possui uma
característica marcante que até os dias atuais faz o sangue cametaense
“ferver”, que é a política.
Em época de eleição a cidade
toma cores variadas, dependendo do partido que se quer representar, as pessoas
se vestem e enfeitam suas residências. As músicas e as marchinhas constituem-se
em defesa ou ataque entre os candidatos. As histórias acerca de políticos e da
política são as mais variadas, das cômicas as trágicas. Os comícios agitam a
cidade tanto quanto as festas populares, com fogos de artifício e muito
barulho. Todas estas características compõem o folclore político cametaense.
No século XIX e início
do XX, Cametá ocupava um lugar de destaque no setor econômico, produzia
borracha, cacau, castanha, cereais, algodão, mamona, cumarú, timbó, andiroba,
pataná, indústrias de sabão, indústria pastoril, culturas variadas que
empregavam grande parte da população.
Entretanto, no decorrer dos
anos, o município sofreu uma estagnação econômica que entre outras consequências,
tornou o serviço público a melhor oportunidade de emprego.
Após Cametá receber o título
de Vila, em 1635, foi criado o Senado da Câmara. Durante o seu período
colonial, temos notícia que o Senado da Câmara foi reorganizado por dez vezes,
das quais algumas famílias permaneceram por mais de uma vez, o que significa
que estas famílias passaram anos determinando as decisões políticas e
administrativas do município, entre eles estão: a família Barros, Pereira de
Sousa, Castro de Afonseca e Pereira Braga.
Há a ausência de algumas das
organizações do Senado da Câmara no período colonial de Cametá, pois só de 1713
em diante, de quando data a doação do Termo da Vila por Francisco Coelho de
Carvalho, é que se tem notícias dos nomes dos cidadãos que compuseram aquele
órgão administrativo.
A 28 de Setembro data
escolhida para adesão do povo e das autoridades a independência brasileira
tivemos o fim do período colonial cametaense e início do período imperial,
sofrendo a Câmara pequenas modificações: Dionísio Xavier Cardoso, Manoel
Moreira e José Raimundo Furtado, sendo Tesoureiro o tenente Manoel Antônio
Pereira.
Após esta organização e com o
início do período imperial, tivemos um evento importante na política de Cametá
no ano de 1829, que foi a organização da primeira Câmara eleita por voto
popular. O grupo teve um mandato de três anos e foi composta pelo presidente
Joaquim de Morais Bitencourt e dos vereadores Pedro José Antônio Ventura, José
Raimundo de Morais Bitencourt, José Lopes de Mendonça, José Pereira Torres,
Antônio José de Medeiros.
Nos seis primeiros anos do
período monárquico, Cametá passou por momentos importantes na vida política e
administrativa, como a divisão interdistrital, a cabanagem e a elevação do
município à categoria de capital da província. Alguns anos depois, na
legislação da Câmara de 1845-1848, foi também de grande importância, pois foi
nesta que o município adquiriu a categoria de Cidade.
Durante a monarquia, Cametá
passou por 13 composições diferentes na Câmara, destas 13 organizações se
verifica a presença de duas famílias em muitas legislações, a família
Bitencourt e a família Mendonça.
Com o decreto de número 59 de
19 de fevereiro de 1890 dissolveu-se a Câmara e foi criado o Conselho de
Intendência Municipal, com um total de formação de cinco Conselhos durante o
período que compreende o início da República até os anos de 1930. Destes cinco
Conselhos formados, estiveram presentes por várias vezes o intendente coronel
José Heitor de Mendonça, o dr. Deodoro Machado de Mendonça e o coronel
Cantidiano Machado de Mendonça.
Com o episódio de 1930 a família Mendonça
perdeu o comando político de Cametá, entretanto, não deixou de exercer
influência no município. Principalmente porque continuaram a exercer cargos
administrativos no Estado, além de que eram grandes comerciantes e donos de
terras na região do Tocantins.
No início dos anos de 1930 em
Cametá, foram vários os homens que assumiram a administração do município, os
prefeitos nomeados foram os seguintes: Manoel Mário Martins (até julho);
Henrique Coutinho (agosto a dezembro de 1931); Lúcio de Mello (1932 a 1935) e Nelson
Parijós, que governou de 1935 até 11.02.1936.
Com a Constituição Brasileira
de 1934 e a Constituição Estadual de 1935 ficou decretado eleição municipal
para o dia 30 de novembro de 1935, onde foi eleito para o cargo de prefeito de
Cametá o candidato da União Popular do Pará - UPP, Nelson Parijós.
Nelson Parijós exerceu o cargo
de prefeito eleito de 11.02.1936 a 10.11.1937, quando ocorreu o golpe do Estado
Novo por Getúlio Vargas. Entretanto, Nelson Parijós foi confirmado no cargo de
prefeito em 1937, pelo Interventor Federal José Malcher.
Com o fim do Estado Novo e o
retorno do país ao regime democrático, em 1946, Cametá ainda possuiu dois
prefeitos nomeados - Luiz Ursulino Filho e Francisco Mendes Pereira, e, a
partir de 1948, as eleições diretas foram retomadas para eleição do candidato a
prefeito.
Ao longo dos anos a
política cametaense caracterizou-se pela dominação de famílias, do nepotismo,
do clientelismo, das perseguições, que levavam as demissões de funcionários da
oposição ou a transferência destes para fora da sede do município, ou seja,
para os interiores e centros. É por isso, que até os dias atuais há uma
dedicação máxima por parte do eleitorado em tentar mostrar qual candidato estão
apoiando e trabalhar ao máximo para que ele seja eleito.
Dessa forma, Cametá chega aos
anos 30 do século XX, pelo que indica as fontes, com uma política marcada pela
dominação de famílias de destaque no setor econômico, as quais centralizam as
decisões administrativas e gozam de privilégios. Estas famílias preenchem os
cargos públicos de acordo com seus interesses, eximindo a maior parte da
população de participação ativa no que diz respeito às decisões políticas.
Vale destacar que até os dias
atuais, muitas dessas características ainda são presentes, sofrendo algumas
transformações, mas conservando um aspecto importante, o das perseguições, que
delineia as ações dos candidatos eleitos e o rumo da política cametaense.
Dos anos 30 do século XX para
os dias atuais ainda há uma trajetória muito intensa para se narrar sobre a
história política de Cametá, mas vamos ficar com a compreensão da evolução que
precede os anos 1930.
FATOS HISTÓRICOS
1ª expedição (1613), Expedição
de Daniel de La Touche , Senhor de La
Ravardiere ;
2ª expedição (1631), comandada
por Raimundo Noronha, detentor de
poderes de General de Estado, partiu de Cametá com canoas guarnecidas de
flecheiros e remeiros; essa expedição desalojou os ingleses de Gurupá;
3ª expedição (1632), chefiada por Feliciano Coelho de Carvalho, moço fidalgo da coroa de Portugal com
patente de General de Estado, partiu de Cametá a 19 de junho de 1632, com uma
esquadra de 127 canoas, 247 praças de linhas e 5.000 índios. Essa expedição foi
agraciada pela bravura dos índios cametaenses que conseguiram demolir o Forte
de Cumair, guarnecido pelos ingleses. 1635
- Em 24 de Dezembro de 1635, do
núcleo urbano;
4ª Expedição (1636), tinha
como responsável Antonio Portilho,
Ceifador da Fazenda Real;
5ª expedição (1637), a expedição do capitão-mor Pedro Teixeira, partiu de Cametá em 28 de outubro de 1637, Cametá foi rota
de partida da expedição exploradora portuguesa comandada por Pedro Teixeira, em 1637, que teve duração de dois anos. Através dela, no sentido Leste
- Oeste, foi explorado grande extensão do Rio Amazonas, chegando até a
Cordilheira dos Andes, no Peru, além de explorar a geografia amazônica;
revoltas internas, fadiga, deserção, doenças e silvícolas rondavam a expedição
recompensada pela beleza da fauna e da flora. No regresso, após demarcada a
posse, Pedro Teixeira passou por Gurupi, depois Belém e em seguida o Maranhão.
1822 - O advento da independência do Brasil, proclamada por D. Pedro I em 1822, encontrou sérias resistências em vários pontos do território
colonial brasileiro. Nesse âmbito Cametá surge como primeiro município do
interior amazônico a aderir ao movimento de independência do Brasil, em 1823.
DOENÇAS
1662 - Varíola: Quanto ao
estado sanitário de Cametá através dos séculos, a memória do povo guardou por
muito tempo a lembrança de duas fortes epidemias, a primeiro a da Varíola,
ainda em Cametá - Tapera, em 1662.
1855 - Cólera - Morbus: A
outra, já nesta área, foi a da Cólera - Morbus, em 1855, de caráter
violentíssimo. Morria gente nas casas e nas ruas e o transporte dos corpos para
o cemitério chegou a ser feito por meio de carroças, alguns ainda moribundos. O
governador da Província, o cametaense Ângelo Custódio Corrêa, condoído com a
sorte de seus conterrâneos, veio pessoalmente socorrê-los, trazendo em sua
companhia o médico José Ferreira Cantão, em viagem especial do navio “Rio
Negro”. A chegada do vapor teve o efeito, segundo o relato da época, de uma
ressurreição para Cametá. Trouxera víveres, medicamentos, a presença moral do
Governador e mais a do médico para curar os doentes. Os recursos da medicina de
então eram, porém, ineficazes para o combate de uma epidemia tão devastadora.
Cenas indescritíveis diante da morte tomaram conta da cidade. O navio “Rio
Negro”, ao regressar a Belém, três dias depois de sua permanência em nosso
porto, estava atulhado de famílias que buscavam na fuga a salvação. Ainda a
bordo, duas horas depois de deixar Cametá, o Dr. Ângelo Custódio sentiu os
primeiros sintomas do mal, vindo a falecer, não obstante o devotamento do Dr.
Cantão para salvar o amigo, antes de chegar a Belém, a 25 de junho de 1855.
Pela solidariedade de Ângelo Custódio ao sofrimento de seus conterrâneos, o que
lhe custara a própria vida, o Imperador D. Pedro II agraciou a viúva do
governador com o título de baronesa de Cametá.
Existe no Museu Histórico de
Cametá uma famosa tela da autoria do pintor Constantino Motta, pintada em 1858, a qual reproduz
uma cena comovente da epidemia do Cólera-Morbus, no momento em que parte da
população procura fugir de canoa pela praia das Mercês. O homem que aparece de
fraque e cartola, procurando acalmar aquele desespero, não sei ao certo se
trata do Dr. Ângelo Custódio ou do Dr. Ferreira Cantão.
Na minha infância (Victor
Tamer), nós tivemos, servindo à nossa casa, uma velha lavandeira chamada Dona
Ricarda, que vinha a ser avó do conhecido e famoso jogador de bola do “São
Jorge Esporte Clube”, o Júlio Bahia e seus irmãos Deodoro, Maria e Raimundo
Bahia. Dessa família Bahia, gostaria de saber se existem ainda descendentes.
Dona Ricarda contava que seu marido, nesse tempo bem velhinho, tinha sido carroceiro
na faina de transportar corpos das vítimas da Cólera-Morbus. O cemitério, que
ficou depois interditado pelo receio de seu uso poder desencadear novo surto da
epidemia, é hoje o terreno onde todas as cruzes antigas desapareceram para
ficar uma só, a da sepultura da Jovem Júlia, cuja tradição desconheço.
O progresso só é barrado pela
Cólera Morbus que dizimou milhares de vidas, reduzindo sensivelmente a
população do município. Começa aí o declínio da segunda maior cidade do Estado
que hoje ocupa uma posição de destaque apenas no cenário histórico. A
importância econômica de outrora é restrita a uns poucos produtos agrícolas
exportados. Os grandes projetos do regime militar serviram-se de Cametá apenas
como fornecedora de mão-de-obra para obras dos grandes projetos.
CAMETAENSES NOTÁVEIS
A cidade de Cametá tem filhos
ilustres. O primeiro foi D. Romualdo de Souza Coelho, de origem humilde seguiu
carreira religiosa e política, foi deputado junto à corte. Eleito presidente da
Junta Provisória Civil e Militar coube-lhe proclamar a Adesão do Pará à
Independência do Brasil a 15 de agosto de 1823. Durante a Cabanagem, seu fervor
cristão e a humildade contribuíram para a redução das execuções. Houve uma vez
que de crucifixo em mão, impediu que os cabanos ateassem fogo à cidade de
Belém, no momento em que a abandonavam. Outro notável foi seu sobrinho D.
Romualdo Antônio de Seixas que foi Arcebispo da Bahia. Foi ele quem sagrou D.
Pedro II Imperador do Brasil. De suas estreitas relações com a corte, obteve, além
do título de Marquês de Santa Cruz, algumas melhorias para sua terra natal.
A predestinação de Cametá, reconhecida em toda
a parte, vem a ser, sem dúvida alguma, a da inteligência de seus filhos, dote
que se revela na seara da política, do clero, das letras e das artes. Tamanha
tem sido a culminância alcançada pelos filhos ilustres desta terra, que ainda
hoje se admira como um caboclinho de Mutuacá, o qual se chamou Dom Romualdo de
Seixas, chegou a ser o primaz da Igreja do Brasil e como tal presidiu a coroação
do Imperador Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, em 18 de julho de 1841.
No mesmo Panteão dos
cametaenses ilustres destacam-se ainda as figuras de Dom Romualdo Coelho,
padre Prudêncio das Mercês Tavares, Ângelo Custódio Corrêa, Cônego Manoel José
de Siqueira Mendes, Joaquim Pedro Corrêa de Freitas, Enéas Martins, Inácio
Batista de Moura, Deodoro Machado de Mendonça, Luís Barreiros, Dom Milton
Pereira, Gentil Bittencourt, Carlos de Novaes, Cônego Miguel Inácio, Nelson da
Silva Parijós e muitos outros que se distinguiram entre nós na música, na
escultura, na pintura, no jornalismo, como Job dos Santos de Melo, Vicente
Serrão de Castro Filho, Jeremias Rodrigues, Raimundo Cardoso, Andrelino Cotta,
Veiga Santos, Raimundo Duarte Peres, Raimundo Penafort de Sena, Satyro de Melo,
Orlando de Moraes e Juvenal Tavares.
DOM ROMUALDO ANTÔNIO DE SEIXAS
Dom Romualdo Antônio de
Seixas, nasceu em Cametá em 07 de fevereiro de 1787, na ilha de Mutuacá. Bispo
da Bahia, Primaz do Brasil, político, escritor, e grande orador sacro. Sob os
cuidados de seu tio Dom Romualdo de Sousa Coelho, matriculou-se aos sete anos
de idade no seminário episcopal de Belém. Fez depois curso de filosofia com
religiosos de Santo Antônio. Aos 14 anos embarcou para Portugal a fim de
concluir os estudos na congregação de São Felipe Nery. Destinando-se à vida
sacerdotal retornou ao Pará, e aos dezoito anos era investido na carreira de
latim, retórica e poética, francês e teologia dogmática. Recebeu o diaconato
aos 21 anos de idade. Rezou a sua primeira missa em Cametá em 1810, no dia 1º
de novembro. Dom João VI agraciou-o com o hábito da ordem de Cristo e o nomeou
Cônego da Sé do Pará. Na qualidade de
vigário-geral governou o bispado paraense durante a ausência do seu titular,
Dom Romualdo Coelho, que fora à corte a fim de sagrar-se bispo.
Dom Romualdo Antônio de Seixas
foi eleito deputado à Assembleia Geral onde se destacou pelos dotes oratórios e
manifesta cultura. A 12 de outubro de 1826 era nomeado Arcebispo Primaz do
Brasil. Com essa dignidade coube-lhe a honra de presidir a coroação de D. Pedro
II, Imperador do Brasil, na solenidade de 18 de junho de 1841, no Rio de
Janeiro. O imperador agraciou-o então com o título de Marquês de Santa Cruz e o
Papa com o de Conde Romano. Esse notável cametaense foi um dos homens mais
cultos do seu tempo. D. Pedro II o chamava de “Boussuet Brasileiro”. Dom
Romualdo de Seixas faleceu em Salvador, Bahia, a 29 de dezembro de 1860. As
novas gerações desconhecem, até porque não é ensinado nos livros de história,
que foi o cametaense D. Romualdo de Seixas quem sagrou o Imperador do Brasil. É
da lavra de Ricardo Borges, em seu livro “Vultos Notáveis do Pará” (Edições
Cejup, 2ª Edição, 1986), um dos mais completos textos que mostram como se
processou a coroação do Imperador D. Pedro II, que foi sagrado exatamente por
D. Romualdo de Seixas que, à época, era Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil.
Ele relata, inclusive, a disputa travada, antes, com o Bispo do Rio de Janeiro,
onde era a Diocese sede da cerimônia, vencida, ao final, pelo ilustre filho de
Cametá. Leia: “Erudito e eloquente, argumentador seguro e trato cordial, se
omitiu aos assuntos e debates do interesse nacional. Foi dos mais ardorosos na
impugnação às propostas de remoção de José Bonifácio da tutoria do príncipe
herdeiro da Coroa e de banimento de Pedro I; sustentou o celibato clerical, os
impedimentos matrimoniais, os direitos as Santa Sé de confirmação de nomeação
de Bispo e Arcebispos; conseguiu isentar os párocos dos cargos de Juiz de Paz,
Promotor, jurado e alistamento da guarda Nacional; debateu com absoluta
proficiência a reforma da relação Metropolitana; fez destemida oposição ao
Regente do Império, Pedro Diogo Antônio Feijó de 35 a 37, quando Feijó viu-se
obrigado a renunciar. A 8 de maio de 39, recusa ser Ministro do Império na
Regência Araújo Lima, Marquês de Olinda. E todo esse fulgor político cede ao
eclesiástico na defesa do predicado privativo do Arcebispo da Bahia, de Metropolitano
e Primaz do Brasil e, pois, do seu Arcebispo à chefia da Igreja Católica no
país e consequente prerrogativa de sagrar o Imperador Pedro II, o que dar-se-ia
a 18 de julho de 1941. Convencera-se caber-lhe essa prerrogativa e, nesse
sentido, movimentara-se Dom Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, Bispo do Rio
de Janeiro, capelão-real e nas graças da Corte. Era o titular da diocese sede
da cerimônia, tal como, por esse motivo, coubera a Dom José Caetano Coutinho
sagrar Pedro I, dezenove anos antes. Dom Romualdo de Seixas não desertaria a
defesa da Bahia; saiu à liça e os dois contendores polemizaram à altura de
profundos teólogos e conhecedores da hierarquia da igreja e o fizeram com raro
brilho. Quando da coroação de Pedro I, o Arcebispado da Bahia estava sem
titular e o Vigário Capitular não ressalvara a prerrogativa; agora, não. E Dom
Romualdo, no seu “Memorial apologético em resposta a um opúsculo do Exmo.
Revmo. Dom Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, Bispo do Rio de Janeiro”, 1840,
assina-se “Arcebispo da Bahia Metropolitana e Primaz do Brasil”. E justifica
ter esse predicado 166 anos, transferido da Sé de Lisboa à Sé da Bahia, criada
pela bula do Papa Inocêncio XI, de 22 de novembro de 1676, o Bispo Manuel do
Monte recorreu ao vaticano que lhe negou razão.
DOM ROMUALDO COELHO
Dom Romualdo Coelho, nasceu em
Cametá a 07 de fevereiro de 1762. Era filho do Capitão de milícias Alberto de
Sousa Coelho e de D. Maria de Gusmão que moravam no Sítio Paricateua, na foz do
Igarapé Mouraba. Fez seus primeiros estudos
sob a direção do Padre Antônio Manuel Furtado, Vigário da então Vila de Cametá.
Propenso a vida eclesiástica por vocação, estudou com grande aproveitamento
todas as disciplinas que ensinavam no seminário episcopal. Em 19 de Fevereiro
de 1785 tomou ordem de presbítero e a 05 de abril do mesmo ano cantou a
primeira missa na Igreja Matriz de Cametá. Em 1805 era Arcipreste da Catedral
de Belém. Dom Romualdo Coelho foi ao Rio de Janeiro, representando o bispo,
clero, cabido e diocesano, cumprimentar o monarca D. João VI, dando-lhe boas-vindas
ao Brasil. Na presença do monarca, Dom Romualdo Coelho pregou um belo sermão,
tornando-se logo conhecido do Rei e da Corte. Dom João VI o agraciou com a
comenda da ordem da Conceição. Em 1819 foi eleito Bispo do Pará.
Dom Romualdo Coelho teve papel
de muito destaque no movimento da Adesão do Pará à Independência, em 1823,
quando a 11 de agosto daquele ano, como Presidente da Junta Governativa,
assinou a Ata de Adesão, ato que foi festejado publicamente a 15 de agosto de
1823. Ainda por ocasião da Cabanagem, quando Belém era saqueada pelos cabanos e
na iminência de ser incendiada, foi a palavra persuasiva e cheia de fé de Dom
Romualdo Coelho que salvou a nossa Capital da destruição, palavra de um poder
divino que fez a horda sanguinária recuar de seu intento macabro. Isso
aconteceu em 1836. Dom Romualdo Coelho faleceu em 15 de fevereiro de 1841. Seus
restos mortais jazem na Catedral de Belém.
ÂNGELO CUSTÓDIO CORRÊA
Ângelo Custódio Corrêa, nasceu
em Cametá em 1804. Em 1821, com 17 anos de idade, seguiu para a França onde
formou-se em Direito, em
Paris. Filho de Francisco Custódio Corrêa e Joana Medeiros
Corrêa. Regressando ao Pará, aqui encontrou os ânimos exaltados, prenúncio da
Cabanagem. Seu pai, em Cametá, foi a primeira vítima desse movimento sedicioso,
assassinado que fora exatamente na noite em que casava uma filha. Ângelo
Custódio recolheu-se então no sítio Aricurá, que lhe coubera como herança e lá
se deixou ficar sem se interessar pela política. Mesmo assim foi envolvido por
ela e em 1834 elegeu-se deputado provincial mais votado, sendo pela
Constituição vice-presidente da província. E quando a Cabanagem se apodera de
Belém, assassina o então presidente Bernardo Lobo de Sousa e assume o governo
da província através de Félix Antônio Clemente Malcher.
Com o fim de restabelecer a
legalidade e dar posse a Ângelo Custódio que, por lei, deveria substituir o
Presidente morto, parte do Maranhão uma pequena esquadra de dois navios de
guerra sob o comando de Pedro Cunha Vinagre, aquiesceu entregar o governo.
Quando Ângelo Custódio viajava de Cametá para embarcar num dos navios de Pedro
Cunha, houve uma emboscada dos cabanos, da qual Ângelo saiu ileso. Como Vinagre
em seguida se recusasse a entregar o governo e as forças de Pedro Cunha
tivessem fracassado na retomada de Belém, Ângelo Custódio achou mais seguro
voltar a Cametá, bem defendida por Padre Prudêncio, e aí instalar o seu governo
que durou de 15 de maio de 1835
a 13 de maio de 1836. Cametá foi, desta maneira, a Capital
da Província por um período de quase exatamente um ano.
Deputado ao Parlamento
Nacional por três legislaturas, o Dr. Ângelo Custódio exerceu à Presidência da
Província, interinamente, por duas vezes, sendo que nesta última veio a falecer
a 25 de junho de 1855, vítima da Cólera-Morbus, que contraiu em Cametá, quando
veio de Belém socorrer os seus conterrâneos dizimados pela terrível epidemia.
Ângelo Custódio, como Presidente da Província, faleceu a bordo do navio de
regresso a Belém. O Imperador D. Pedro II, reconhecendo em Ângelo Custódio
Corrêa , o exemplo de governante e do seu sacrifício de vida
agraciou a sua viúva com o Título de Baronesa de Cametá.
PADRE PRUDÊNCIO JOSÉ DAS MERCÊS TAVARES
Padre Prudêncio José das
mercês Tavares Nasceu em Cametá, no lugar Acapucuara, hoje pertencente ao
município de Mocajuba, no dia 04 de setembro de 1809. Era filho de Felippe
Santiago Pereira Tavares e Izabel Francisca da Conceição. Prudêncio iniciou seus estudos com o seu tio
Romão. Logo que recebeu os primeiros ensinamentos, seus pais o mandaram para a
cidade de Cametá a fim de estudar latim com o Padre José Boaventura da Silva,
Vigário da paróquia da Vila de Camutá. Com 16 anos de idade seguiu para Belém
onde estudou no Seminário Episcopal, o único estabelecimento superior que
existia, nesse tempo, na Capital. Embora a sua manifesta vocação pela carreira
militar, abraçou a eclesiástica por motivos alheios à sua vontade.
Sua primeira missa foi
celebrada em Cametá, onde fixou residência. Exerceu a função de 2° juiz de paz,
tendo, no evento da Cabanagem, assumido o exercício de 1° Juiz de paz.
Enérgico, embora generoso, organizou a resistência contra os cabanos que
céleres, se aproximavam de nossa cidade. Levantou trincheiras; organizou
tropas; formou barricadas; organizou a proteção do litoral equipando canoas
prontas para a defesa marítima. A fiscalização era feita pessoalmente por ele,
demonstrando, assim, sua alta capacidade de organização. Padre Prudêncio, foi
nomeado pelo marechal Francisco José de Sousa D’Andrea como chefe civil e
comandante geral da tropa destinada à garantia da ordem pública em Cametá,
Oeiras, Melgaço e Portel. Por diversas vezes foi eleito deputado provincial e
Juiz de paz. Graças à inteligência, coragem e elevado espírito de organização do
padre Prudêncio, Cametá foi o único lugar no Estado onde os rebeldes não
conseguiram penetrar. Daí o título honroso de “Cidade Invicta”.
CÔNEGO MANOEL JOSÉ DE SIQUEIRA MENDES
Nasceu em Cametá a 06 de
setembro de 1825. Matriculou-se no Seminário de Belém, na administração do
oitavo bispo da Diocese, Dom Romualdo de Sousa Coelho, onde se distinguiu com
grande aproveitamento. Foi secretário do Bispado e por merecimento nomeado para
o cargo de Cônego Presbítero da Catedral de Belém. Foi lente de latim do Liceu
e de Teologia Moral no Seminário. Fundou em Belém o Colégio Santa Cruz e outro
em Cametá com igual nome. A atuação maior de Siqueira Mendes se fez na
política. Eleito várias vezes deputado à Assembleia Legislativa, ocupou o cargo
de Presidente da Província do Pará e em 1886 foi, finalmente, escolhido para
ocupar o cargo de Senador do Império, no Rio de Janeiro. Siqueira Mendes nunca
esqueceu a sua terra natal. Assim como fundou o Colégio Santa Cruz em nossa
cidade, muito contribuiu, quando senador do Império, para tornar realidade o
projeto sempre esquecido da defesa do litoral de Cametá. Foi graças ao seu
esforço e providência que se iniciou a construção do cais, no ano de 1871,
prolongando-se por dez anos. Logo a seguir, por volta de 1880, começaram as
obras de construção do velho paredão. Acometido de grave enfermidade, Siqueira
Mendes faleceu a 06 de março de 1892, na cidade de Fortaleza.
JOÃO AUGUSTO CORRÊA
Nasceu em Cametá no dia 24 de agosto
de 1812, no Sitio Aricurá. Filho de Francisco Custódio Corrêa e de Joana de
Medeiros Corrêa. Era irmão do Dr. Ângelo Custódio Corrêa. O Pará teve em João Augusto Corrêa
um grande impulsionador do seu progresso graças ao gênio pioneiro daquele
inovador cametaense. Foi João Augusto Corrêa que implantou em nosso Estado a
primeira fábrica de tijolos para a construção de alvenaria, modificando
completamente o sistema de pedra e cal, secularmente usado até então. Servido
de inteligência progressista, João Augusto Corrêa desenvolveu o comércio em
toda a província através da navegação a vapor, de que foi o grande introdutor
em nossos rios. Iniciou a importação de mercadorias da Europa e da América para
Belém, possuindo mesmo dois “brigues”, que mandara construir em Portugal, os
quais ostentavam a bandeira brasileira nesse intercâmbio comercial com o
exterior. Pela sua visão empreendedora no desenvolvimento comercial com o
exterior, Augusto Corrêa era considerado o nosso Barão de Mauá. Faleceu aos 58
anos de idade, ainda forte e vigoroso, no dia 1 de março de 1870.
DR. JOAQUIM PEDRO CORRÊA DE FREITAS
Dr. Freitas nasceu em Cametá
em 17 de agosto de 1829, filho do comerciante José Joaquim de Freitas e D.
Tereza de Sousa Corrêa. Tendo perdido cedo seu pai, o Ten-Cel. João Augusto
Corrêa, seu tio e tutor, mandou buscá-lo para Belém a fim de dar-lhe uma
educação precisa. As irmãs do notável estadista Visconde de Sousa Franco, suas
parentas, se encarregaram, também, do seu preparo intelectual. Em 1840
matriculou-se no Seminário. Tendo terminado os preparatórios em 1846,
manifestou desejo de seguir a carreira da magistratura, mas por influência de
seus tios Dr. Ângelo Custódio Corrêa e Dom Romualdo de Seixas, o jovem
cametaense partiu para a Bahia onde fez todo o curso médico, hospedado por este
ilustre arcebispo, que era Marquês de Santa Cruz e que o estimava muito. Após a
formatura em medicina, o Dr. Freitas empreendeu uma viagem à Europa,
percorrendo vários países durante três anos, enriquecendo o seu cabedal de
conhecimentos que empregou mais tarde em Belém, quando regressou em fins do ano
de 1855. Eleito deputado à Assembleia legislativa Provincial, lecionou francês
e geografia no Liceu e em 1874, foi nomeado Diretor Geral da instrução pública,
cargo que desempenhou até 1880, quando se aposentou. Mesmo eleito por oito
vezes deputado da Província, a verdadeira vocação do Dr. Freitas era o ensino.
A própria profissão de médico não exerceu senão acidentalmente quando prestava
os seus serviços gratuitamente. O Dr. Freitas, como era chamado, foi o grande
educador das gerações de paraenses do final do século passado e do começo do
atual. Autor de vários livros didáticos adotados em todas as escolas públicas e
particulares do Estado, denominados “Ensaio de Leitura”, série que compreendia
o primeiro, o segundo e o terceiro livro e ainda o Paleógrafo, que ensinava o aluno a ler os trabalhos manuscritos, em
diversos caracteres. Esses livros, em repetidas edições, sobreviveram a sua
morte em 1888. O Dr. Joaquim Pedro Corrêa de Freitas, faleceu em Belém a 12 de abril
de 1888, sob a consternação geral da população.
Belém perpetua o nome do
ilustre educador cametaense através do Grupo Escolar Dr. Freitas e do Boulevard
Dr. Freitas, esta via pública no bairro do Marco, em cuja esquina com a antiga
Avenida Tito Franco, Dr. Freitas morou numa espaçosa vivenda da época. Era
casado com D. Ana Cardoso de Andrade Freitas. Deixou uma filha, D. Tereza
Freitas Castro, casada com o proprietário do “Paris n’América”, tradicional e
conceituado estabelecimento comercial da praça de Belém.
DR. CARLOS AUGUSTO VALENTE DE NOVAES
Dr. Carlos Augusto Valente de
Novaes Escritor, educador e político. Nasceu na cidade de Cametá. Faleceu no
Rio de Janeiro a 07 de novembro de 1915. Era formado em medicina. Abraçou o
magistério, exercendo por longos anos a cadeira de geografia no Ginásio Paes de
Carvalho. Publicou vários livros didáticos como “História Natural”, “Física
Elementar”, “Geografia Elementar e Especial do Estado do Pará”, “Geografia
Primária”, “Geografia Secundária”, “Coreografia do Brasil”, e etc.
Foi sócio benemérito da
Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro; sócio correspondente do Instituto
Histórico e Geográfico de São Paulo; Member Of The National Geografie do Society
Of The United States Of North América, lente de corografia do Brasil na
Facultade de Direito do Rio de Janeiro e Professor de Geografia da Escola
Normal do Distrito Federal, afora outros Títulos Honrosos de seu “Curriculum
Vitae”. Não temos dados da data exata de seu nascimento.
DR. ENÉAS MARTINS
Dr.
Enéas Martins Jornalista, político, administrador e diplomata. Nasceu em Cametá
no ano de 1872 e faleceu no Rio de Janeiro a 02 de julho de 1919. Formado pela
Faculdade de Direito de Recife, exerceu a advocacia em Belém e foi fundador do
jornal “Folha do Norte”, cujo primeiro número circulou a 1º de janeiro de 1896.
Colocando-se em oposição ao Governo do Estado, foi forçado a ausentar-se do
Pará, transferindo sua residência para Manaus, onde exerceu sua profissão, não
tardando ser eleito deputado federal pelo Amazonas.
Em 1904 abandonou a política
para dedicar-se à carreira diplomática. Como ministro plenipotenciário
representou o Brasil em diversos países e tornou-se um dos melhores
colaboradores do Barão do Rio Branco. Em pleno apogeu de sua carreira
diplomática foi tentado por um convite para assumir o Governo do Pará, a fim de
apaziguar as lutas políticas das duas facções que se digladiavam, uma chefiada
pelo Dr. Lauro Sodré e outra pelo intendente Antônio Lemos. A indicação do DR.
Enéas Martins foi feita pelo Catete e venceu o pleito como candidato único. Ao
assumir o governo, em 1913, desfez-se do seu jornal “Folha do Norte”, que
passou a ser propriedade de Cipriano Santos. As tramas políticas, porém,
envolveram a boa fé do Dr. Enéas, que não teve pulso para dominar a oposição
que se criou contra o seu governo, principalmente quando o terrível jornalista
Paulo Maranhão passou a combatê-lo. No dia 27 de dezembro de 1916 rebentou uma
revolta na Polícia Militar. Enéas, sem chance de resistência, asilou-se no
Arsenal de Marinha, tendo ali renunciado ao cargo de Governador. No dia 14 de
janeiro seguinte, embarcou no vapor “Minas Gerais”, para o Rio de Janeiro, onde
faleceu três anos depois, mais de doença moral do que física, na opinião de
muita gente.
ANTÔNIO JEREMIAS RODRIGUES
Antônio Jeremias Rodrigues,
nasceu em Cametá a 16 de fevereiro de 1879. Escultor exímio. Suas obras
constituem para o nosso município um acervo de alto padrão. As diversas Igrejas
de nossa cidade receberam o reflexo de sua capacidade artística. Imagens, como
as de Santo Antônio, São João Batista, Bom Jesus, São Sebastião e Nossa Senhora
das Dores, existentes na catedral, são obras que imortalizam o renomado mestre
na consciência de todos os cametaenses. Uma de suas mais apreciadas obras é a
imagem de Nossa Senhora das Dores. Olhando os traços fisionômicos dessa imagem
podemos aquiltar o grau da capacidade de Jeremias Rodrigues. O altar-mor da catedral
e o altar da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, são frutos de seu invejável
trabalho. A imagem de São Benedito, na igreja do mesmo nome, também foi
modelada pelo inesquecível escultor.
Seus trabalhos criativos nas
quadras carnavalescas, constituíram obras de requintada arte. Ainda vive na
memória dos velhos foliões a beleza que constitui “A cegonha”, “surpresa”,
apresentada pela sociedade cametaense no carnaval de 1947. Jeremias Rodrigues,
além de escultor, foi emérito violoncelista. Estamos envidando esforços para
que seu busto venha a figurar no jardim dos artistas, como homenagem a tanto
quanto fez pela arte cametaense e a fim de que sua lembrança sirva de estímulo
as gerações futuras. O grande artista faleceu em Cametá no dia 18 de janeiro de
1953.
JOB DOS SANTOS MELO
Job dos Santos Melo compositor
e regente. Nasceu em Cametá a 12 de janeiro de 1865, onde faleceu a 20 de abril
de 1933. Job dos Santos Melo regeu a Filarmônica Carlos Gomes e a Banda Euterpe
Cametaense. Organizou a Banda Municipal de Baião, dirigindo-a durante algum
tempo. Tornou-se conhecido com a publicação em “o Malho”, das melodias
“Lamentos”, “Redenção de Cametá”, e “Mecânicos”. A conhecida valsa “Serment
D’amour”, imprensa na Alemanha, até hoje constitui um grande sucesso. Compôs
ainda o dobrado “Senador Lemos” e diversos hinos sacros. Também de sua autoria
a valsa “Iza”, o samba “Minas Gerais” e o Shot “Joaquina”. Job dos Santos Melo
é um dos homenageados no jardim dos artistas, desta cidade, onde seu busto
lembrará sempre a grande contribuição que prestou à música cametaense.
JOSÉ VEIGA SANTOS
José Veiga Santos nasceu em
Cametá a 18 de fevereiro de 1890, Filho de João Castro de Oliveira Santos e
Maria Sacramento da Veiga Santos. Desde
cedo demonstrou vocação para a pintura, tendo estudado desenho no curso técnico
da Escola Nacional de Lisboa, para onde fora graças à interferência de seu
padrasto João L. Marques. Voltando a Belém, dedicou-se à pintura como também à
arte fotográfica, ocasião em que fundou em nossa capital a fotografia moderna. Frequentou
ainda nos Estados Unidos, onde estivera, a Escola de Arte ao Ar livre.
Posteriormente ocupou-se inteiramente do desenho e da pintura, passando a
ensinar a arte de pintar durante quarenta anos. Centenas de alunos aprovaram os
conhecimentos ministrados pelo mestre, fato que concorreu para o
desenvolvimento da pintura entre nós. José Veiga Santos não se deixou
influenciar pelas correntes modernas da pintura. Apaixonado pelo clássico e
principalmente pelos motivos amazônicos, as suas belas telas hoje enriquecem as
paredes particulares e dos edifícios públicos de Belém. O consagrado pintor
faleceu a 25 de dezembro de 1966.
LUIZ DEMÉTRIO JUVENAL TAVARES
Luiz Demétrio Juvenal Tavares
nasceu em Cametá, a 21 de junho de 1849. Poeta e jornalista de grande talento.
Publicou várias obras de expressiva sensibilidade poética e artigos de vigorosa
combatividade na imprensa. Deixou os livros em versos “Pyrilampos” (1877),
“Paraenses” (1877), “Viola de Joana” (1887), “Versos Antigos e Modernos” (1889)
e os livros de contos “Vida na Roça”, “Casos e mais casos”, “Serões de Mãe
Preta“, além de “Musa Republicana”. Juvenal Tavares era primo de Padre
Prudêncio José das Mercês Tavares, o herói da resistência aos excessos da
Cabanagem, em Cametá. A epidemia da
Cólera-Morbus que grassou em Cametá em 1855, deixou-lhe na mente de criança uma
recordação pungente. Referindo-se a essa triste época, que enlutou a cidade
inteira, Juvenal Tavares dedicou à sua terra uma dolente poesia de que consta a
seguinte estrofe: “O látego de Deus, flagelo lacerante/ a peste truculenta a
faz chorar, gemer! / em sua face adusta, o luto está constante/ pintando o
negro horror, que faz estremecer”. Pertenceu o poeta Juvenal Tavares à Academia
Paraense de Letras, da qual foi um dos fundadores em 3 de maio de 1900. E
faleceu em Soure, extremamente pobre, a 30 de junho de 1907.
MESTRE PERNAFORT
O artista plástico cametaense
Raimundo Penafort de Sena faleceu segunda-feira de uma parada cardíaca, aos 78
anos de idade, professor Penafort, como era chamado pela população local,
construiu seu nome como escritor, pintor, músico, e educador, chegou a ser reconhecido como
Aleijadinho cametaense por seus trabalhos de entalhe em madeira e esculturas em
igrejas da cidade. Nascido em 23 de janeiro de 1924, Raimundo Penafort de Sena
foi criador do Instituto Histórico de Cametá, O artista plástico Ubiratan do
Rosário o define como patrimônio da cultura cametaura, por seu trabalho que
unia simultaneamente, a cultura espontânea de caráter popular a arte erudita.
O enterro foi realizado na
tarde de ontem na própria cidade de Cametá, muitos estudantes locais
participaram de uma série de homenagens ao professor durante o funeral. Foi um
dos maiores escultores de Cametá, pouco lembrado pelos cametaenses, mais
reconhecido em outros países. Assim podemos descrever Raimundo Penafort:
Nascido na cidade de Cametá em
1924, vindo de família pobre, estudando toda a vida estudantil em escolas
públicas, descendente de um povo lutador e histórico, se firmou como um dos
maiores escultores da sociedade cametaense conhecido como “Aleijadinho
cametaense” título dado por esculpir imagens em madeiras, imagens que estão
glorificando o grande cametaense que foi Raimundo Penafort.
Esperamos que a passagem de
Raimundo Penafort por essas bandas não seja como uma chuva ou uma ventania,
mais sim como um marco de glorificação do cametaense que viveu para seu povo.
Tanto no trabalho quanto no dia a dia, Raimundo Penafort vem confirmar que o
cametaense é um povo inteligente, não pelas minhas palavras, mas por tudo que
os cametaenses representaram dentro da sociedade brasileira desde o
descobrimento da sociedade em 1617.
VICENTE SERRÃO DE CASTRO FILHO
Nasceu em Cametá a 06 de maio
de 1891, e faleceu em Macapá a 06 de março de 1961. Era Filho de Vicente Serrão
de Castro e Cândida Rosa de Azevedo Castro, naturais do Estado do
Maranhão. Vicente Serrão de Castro
compositor, regente e mestre de banda, de destaque em Cametá. Atuou como
mestre regente, organista e violinista do coro sacro, “Lira Angélica”, da
matriz de Cametá. Autor de numerosas composições musicais e bem inspiradas, das
quais destacamos: “Ah! O passado! ”, “Pérolas do Tocantins”, “soluços” e
“lágrimas maternas”, valsas de alto conceito executadas com justos elogios em
Belém do Pará. As marchas “força expedicionária brasileira”, ”ecos cametaenses”
e “15 de novembro“, também constam de seu invejável repertório. Os dobrados
“Inácio Moura”, “Jeremias Rodrigues” e “os voluntários”, assim como as músicas
sacras, “Tantum Ergo”, “Ave Maria”, “’Jaculatória de São Benedito”, e
“Jaculatória de São João Batista”. Autor da marcha civil “Glórias cametaenses”,
também executada inúmeras vezes em Belém, pelas bandas militares. Emérito
professor de música. Ainda hoje, a centenária banda euterpe cametaense,
dirigida por seu filho, o maestro Cupijó,
tem em suas fileiras músicos que receberam a sua orientação. Como homem público
exerceu nesta cidade o cargo de Secretário Municipal na época do intendente
Manoel Mário Martins, tendo assumido a intendência Municipal, interinamente,
por várias ocasiões. Foi redator do jornal “A
luta” que circulava na Região Tocantina. Vicente Serrão de Castro Filho foi
um cametaense que deu notável contribuição à cultura paraense.
VICTOR TAMER
Membro da Academia Paraense de
Letras, Escritor, Cirurgião Dentista, Professor de Francês e Artista Plástico.
O Dr. Victor Tamer nasceu na cidade de Cametá em 31 de agosto de 1912, Filho de
Armindo Tamer e Rosa Tamer, ambos libaneses. Fez o Curso Primário no Grupo
Escolar Dom Romualdo de Seixas, em sua terra natal e o secundário em Belém,
como aluno interno do conceituado Colégio Progresso Paraense, do renomado
educador Dr. Artur dos Santos Porto. Ingressou a seguir na faculdade de
odontologia do Pará, recebendo o grau de Cirurgião-Dentista no ano 1933. Fundou
em Cametá a revista literária “O Royal”, de grande aceitação na sociedade
cametaense, cuja coleção ofereceu à nossa biblioteca municipal. Colaborou
assiduamente nos jornais locais “Jornal de Cametá” e “O Tocantins”.
Em Belém manteve por longo
tempo uma coluna semanal na “Folha do Norte” de Paulo Maranhão e ainda escreve
no jornal “A Província do Pará”. Professor de língua francesa pela Aliança
francesa de Belém, da qual foi seu Presidente por três vezes, lecionou esse
idioma por mais de uma década no Colégio Santa Rosa. Trabalhou como Odontólogo
na Previdência Social e na Saúde Pública do Estado, pela qual se aposentou após
tempo integral de serviço prestado.
Sócio efetivo da Academia
Paraense de Letras e do Instituto histórico e Geográfico do Pará possui em sua
bagagem literária as seguintes obras publicadas: Viagem à Europa, momentos da
vida (crônicas), paisagem humana (crônicas), discursos solentes, Cametá e sua
história e Chão Cametaense, além de inúmeras crônicas esparsas em órgãos de
publicidade. Possuindo pendores para a pintura, várias telas de sua autoria
estão expostas no museu histórico de Cametá, na Academia Paraense de Letras e
outros lugares particulares.
“Medalhas Condecorativas “José
Veríssimo”, Pedro Teixeira” e “Academia Municipalista do Brasil”, além de duas
dezenas de medalhas comemorativas de várias instituições culturais. Títulos de
“honra ao mérito” outorgados pela assembleia legislativa do estado e pela
Câmara Municipal de Cametá, que também lhe outorgou a comenda do mérito Dr.
Gentil Bittencourt. Victor Tamer é casado com Maria Adelaide Tamer com quem
teve três filhos: Victor Tamer Filho, formado em odontologia (falecido), Maria
das Graças Tamer Vasques, formada em pedagogia e Sérgio Victor Tamer, bacharel
em Direito, todos casados e mais nove netos e dois bisnetos.
ASPECTOS SÓCIO-GEOGRÁFICOS
1 - ASPECTOS GEOGRÁFICOS
1.1 - Localização
O município de Cametá está
localizado na mesorregião do Nordeste Paraense e na Microrregião de Cametá.
1.2 - Limites
Norte - Limoeiro do Ajuru
Sul - Mocajuba
Leste - Igarapé-Miri
Oeste - Oeiras do Pará.
Coordenadas geográficas: 2º14’40”S e 49º29’45”W
1.3 - Área
O município tem uma área
territorial de 3.108,5 km².
- Distância da Capital
Destino
|
Meio de
Transporte
|
Distância (km)
|
Tempo de
Viagem
|
Belém
|
Hidroviário
|
174
|
10h
|
Belém
|
Aéreo
|
146
|
50 min.
|
Belém
|
Misto
|
156
|
4h30 min.
|
2 - ASPECTOS FÍSICOS E NATURAIS
2.1 - Clima
Apresenta o clima típico da
região Amazônica - Equatorial, Quente Úmido. Localizado em área de baixa
latitude. As temperaturas se mantêm elevadas o ano todo. A temperatura média
anual oscila entre 22º e 28º. A precipitação pluviométrica anual é bastante elevada, com volumes
entre 2.000 e 2.250 mm ,
sendo o outono a estação mais chuvosa, concentrando cerca de 50% do total
anual. Na primavera ocorre o período menos chuvoso, tratado como verão, é um
período de grandes necessidades de água, devido às elevadas temperaturas, onde
se verifica um pequeno período de 1
a 2 meses seco. A umidade relativa do ar é bastante alta
durante todo ano, oscilando em torno de 85%.
2.2 - Solo
Apresenta solos com horizonte B LATOSSÓLICO. Há áreas onde a
agricultura é pouco favorecida, devido ao alto teor de alumínio, requerendo
correções. As chuvas abundantes favorecem a lixiviação, mas a fertilização e
técnicas adequadas em culturas adaptadas podem corrigir a baixa fertilidade
natural dos terrenos.
2.3 - Hidrografia
O principal rio é o Tocantins, que atravessa o município no
sentido sul-norte; nele os furos e paranás possuem designações particulares,
cujo destaque maior é para uma centena de ilhas nas quais habitam os
ribeirinhos.
2.4 – Vegetação
O município apresenta a típica
floresta amazônica. A floresta ombrófila densa (floresta tropical pluvial).
Esse tipo de floresta é típico das galerias pluviais tropicais. A cobertura
vegetal primária, devido a ação humana por mais de três séculos, encontra-se
parcialmente alterada, principalmente próximo às estradas. A área é recoberta
por floresta de várzea e de terra firme. Destaca-se a presença de Campinas em
algumas porções de terra firme e as ilhas que são verdadeiros pindoramas,
graças a abundância de palmeiras como miriti e açaí.
2.5 - Geologia, Relevo e Topografia
O município fica tanto nas
planícies costeiras como nos tabuleiros costeiros. O território compreende
terras nas duas margens do baixo rio Tocantins, correspondendo a uma zona de
várzeas e a uma área mais elevada dos tabuleiros, estes mais altos na margem
direita. As cotas altimétricas variam entre 14 e 30 metros , mas a
topografia é predominante plana.
3 - ASPECTOS DEMOGRÁFICOS
De acordo com o Censo Demográfico de 2000 (IBGE), a população total do município de Cametá é de 97.624 habitantes, sendo que 40.417 residem na zona urbana e 57.207 na zona rural. Sua densidade demográfica é
de 31,37 hab/km. São 50.144 habitantes do sexo masculino e 47.480 do sexo feminino. A tabela abaixo
demonstra a distribuição espacial da população residente no município de
Cametá.
Distribuição da População Municipal - 2000
|
||
População
|
%
|
Total
|
Urbana
|
41,4
|
40.417
|
Rural
|
58,6
|
57.207
|
Total
|
100
|
97.624
|
Fonte: IBGE/2000
Dados Atuais:
População recenseada 2000 - 97.624 habitantes /
Área do município: 3.081,38 km²
População residente 2000 na sede municipal - 31.775 / Percentual: 32,54%
População estimada 2005 - 105.416 habitantes
População economicamente
ativa - 35.244 pessoas
População não
economicamente ativa - 34.235
pessoas
|
Fonte: IBGE/2005
4- ASPECTOS ECONÔMICOS
4.1 - Extrativismo
Vegetal: destaca-se o açaí, sementes oleaginosas (andiroba, ucuuba,
muru-muru), o palmito, e a castanha-do-pará.
Mineral: a extração de areia é uma importante atividade subsidiária
do setor industrial de Cametá.
4.2 – Pecuária
4.3 – Comércio
Observa-se a expansão dessa
atividade econômica com o surgimento de lojas e supermercados, além de outros
estabelecimentos comerciais.
4.4 - Agricultura
Os principais produtos são:
mandioca, pimenta-do-reino e o cacau. Inclui-se na produção agrícola do
município a banana, o arroz, o coco-da-baía e o feijão, todos esses em menor
escala. Há no município uma considerável produção de frutas regionais como o
maracujá, o cupuaçu, o bacuri, o taperebá (cajá) e a manga.
4.5 - Pesca
O município apresenta
atividade pesqueira artesanal. Destacam-se o mapará, a pescada branca e o
tucunaré. Há no município, experimentos de piscicultura em cerca de 100 (cem)
tanques com criação de tambaqui e curimatá (curimatã).
4.6 - Indústria
Observa-se que a indústria da
madeira apresenta declínio em número de estabelecimentos, mas as pequenas
serrarias da zona rural ainda colocam essa atividade em primeiro lugar, seguida
de muito perto pelo beneficiamento de produtos, alimentares, com os maiores
estabelecimentos beneficiando palmito e a castanha-do-pará. Há de se destacar
também o incremento na atividade moveleira.
5- ASPECTOS SOCIAIS
5.1 - Sistema de Transporte
Acesso
a) Rodoviário
A sede municipal é servida
pela Rodovia PA-156 que faz a
ligação com os municípios de Limoeiro de Ajuru e Tucuruí. A margem direita do
território municipal também é interceptada pela Rodovia PA-151 que liga Baião a Igarapé-Miri. Dela partem rodovias
menores que ligam as vilas de Curuçambaba
(PA-467), Carapajó (PA-469) e Vila do Carmo do Tocantins (PA-471). Outras vilas e povoados
menores são servidos por estradas e ramais municipais.
b) Fluvial
O porto de Cametá é um dos
mais movimentados da região do Baixo Tocantins, estabelecendo ligações
regulares para os municípios de Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Baião, Tucuruí,
Abaetetuba e Belém.
c) Rodo-fluvial
d) Aéreo
Há no município um campo de
pouso com pista asfaltada de 800
metros de extensão, permitindo pouso e decolagem de
aeronaves de pequeno porte, e já está em ênfase de conclusão O novo aeroporto,
que fica na Transcametá Km 05.
e) Transporte Urbano
f) Rodovias Vicinais
PA 467 - Liga a PA 151 ao
Distrito de Curuçambaba
PA 469 - Liga a PA 151 ao
Distrito de Carapajó
PA 471 - Liga a PA 151 ao
Distrito de Vila do Carmo
CAM 08 - Liga a PA 156 a Vila de Juaba
5.2 - Sistema Educacional
Estudantes Matriculados 2005
|
|
Creche e Pré-Escola
|
8.069
|
Ensino Fundamental
|
31.696
|
Ensino Médio
|
5.927
|
EJA (Educação de Jovens e Adultos)
|
3.630
|
Fonte: IBGE/2005
5.3 - Sistema de Saúde
A infraestrutura de saúde do
município é constituída de 02 (dois) hospitais, 22 (vinte e dois) postos de
saúde municipais, 2 (dois) centros de saúde e 04 (quatro) laboratórios. São 184
leitos hospitalares e 41 médicos.
5.4 - Serviços Básicos
a) Abastecimento de Água
Serviço Autônomo de Água e
Esgotos - SAAE
Quantidade de Reservatórios:
03 (227, 150 e 56 metros cúbicos ,
respectivamente).
População Atendida:
30.000 pessoas na Zona Urbana
3.500 pessoas na Vila do Carmo
(distrito)
1.800 pessoas na Vila do
Carapajó (distrito)
1.800 pessoas na Vila de
Curuçambaba (distrito)
1.530 pessoas na Vila de Juaba
(distrito)
b) Energia Elétrica
O sistema de energia elétrica
da cidade de Cametá é administrado pela Rede Celpa. A subestação que fornece
energia elétrica é do próprio município (Cametá). As localidades com energia
elétrica são: Vila do Carmo, Vila de Carapajó, Vila de Juaba, Vacaria,
Cametá-Tapera, Mupi, Pacajá, Vila de Joana Coeli, Vila de Areião, Vila de
Curuçambaba, Belos Prazeres, Vila do Coco, Umarizal, Vila de Bom Jardim, Vila
de São Benedito, Vila de Porto Grande, cidade de Cametá. O fornecimento de
energia elétrica é feito durante 24hs/dia e o fornecimento de iluminação
pública inicia às 18hs, e encerra às 06hs, em um período diário de 12hs. Os
consumidores de energia elétrica agrupam-se em seis classes: residencial,
comercial, industrial, pública, poder e empresas de serviço público.
C) Coleta de Lixo
O serviço de limpeza pública
de Cametá é de responsabilidade da Prefeitura, com exceção da remoção do
entulho que está sob a responsabilidade do morador ou inquilino da residência.
A taxa de cobertura da coleta do lixo doméstico é de 80% no perímetro urbano,
chegando a 50% na zona rural. Diariamente são coletadas 20 toneladas de lixo na
zona urbana. Na zona rural chega a aproximadamente 12 toneladas. O lixo da zona
urbana é depositado a céu aberto, com uma área de 4.000 metros
quadrados , localizada na Estrada do Coco, sendo que o
lixo da zona rural é depositado nas imediações das vilas.
D) Saneamento Básico
O sistema de esgotamento
sanitário do município não é tratado e cobre apenas o centro da cidade. O
destino final do sistema de esgoto é o Rio Tocantins. Foram construídos pelo
Projeto Alvorada do Governo Federal, 180 banheiros com fossas sépticas nos
bairros periféricos da cidade.
6- ATRATIVOS TURÍSTICOS
6.1 - Atrativos Naturais
a) Praias
É grande o número de praias
espalhadas na extensão do rio Tocantins e seus afluentes, dentro do território
do município, seja circundando ilhas, no meio dos rios mais largos e na beira
de terra firme. Dependendo das marés e da época do ano, tais praias crescem ou
diminuem de tamanho e constantemente estão mudando de lugar.
Praia da Aldeia de Parijós
Situada às margens do rio
Tocantins, ao norte do centro da sede do município, atualmente considerando-se
um bairro da cidade de Cametá. Os meios de acesso ao atrativo são: rodoviário
(pavimentado em parte), hidroviário ou fluvial. A distância do núcleo urbano é
de aproximadamente 3 km ,
gastando-se o tempo de 5 minutos neste trajeto (veículo automotor).
Praia do Pacajá
Situada às margens do rio
Tocantins, na Vila de Pacajá, ao norte da sede do município. Os meios de acesso
ao atrativo são: rodoviário (não pavimentada), hidroviário ou fluvial. A
distância do núcleo urbano é de aproximadamente 5 km , gastando-se o tempo de
10 minutos variando para mais ou para menos dependendo do estado da estrada de
acesso.
Praia de Cametá-Tapera
Situada às margens do rio
Tocantins, na Vila de Cametá-Tapera, ao norte da sede do município. Os meios de
acesso ao atrativo são: rodoviário (não pavimentada), hidroviário ou fluvial. A
distância do núcleo urbano é de aproximadamente 10 km , gastando-se uns 20
minutos aproximadamente.
Praias de Marajuba
Denominada de Fazenda, sua
extensão é de 1 km ,
aproximadamente. Está situada às margens do rio Tocantins, apresentando várias
espécies de árvores frutíferas, como palmeiras de açaí e buriti, além de
seringueiras e outras. Há uma produção agrícola de pimenta-do-reino, arroz,
mandioca, milho etc.
Praia de Carapina
Localizada à margem esquerda
do rio Tocantins, com extensão de aproximadamente 2 km . O acesso é fluvial e
encontra-se no seu estado primitivo.
b) Ilhas
No município de Cametá existem
cerca de 100 (cem) ilhas distribuídas ao longo do rio Tocantins que corta o
município no sentido norte-sul. As principais são:
Ilha do Itaúna
Situada no distrito de Cametá,
no rio Tocantins, a leste da sede do município (mais precisamente em frente da
cidade de Cametá). Os meios de acesso ao atrativo são: hidroviário ou fluvial.
A distância do núcleo urbano é de 2
km , que levam em média 10 minutos em barcos de médio
porte apropriados para este fim.
Ilhas de Praticaia e Paruru
Situadas no distrito de
Cametá, no rio Tocantins, a leste da sede do município. Os meios de acesso ao
atrativo são: hidroviário ou fluvial. A distância do núcleo urbano é de
aproximadamente 18 km
que podem ser percorridos em uma hora e trinta minutos em média.
Ilha do Pacuí
Situada no distrito de Cametá,
no rio Tocantins, ao sul da sede do município. Os meios de transporte ao
atrativo são: hidroviário ou fluvial. A distância do núcleo urbano é de 3 a 4 km , podendo ser percorridos
em 45 minutos em média.
Ilha de Cuxipiari
Situada no distrito de Cametá,
no rio Tocantins, tendendo para o centro do rio, a leste da sede do município.
Os meios de acesso ao atrativo são: hidroviário ou fluvial. A distância do
núcleo urbano é de aproximadamente 12 km , que leva 1(uma) hora em média de barco
da região.
Ilha de Marinteua
Situada no distrito de
Moiraba, no rio Tocantins, ao sul da sede do município. Os meios de acesso ao
atrativo são: hidroviário ou fluvial. A distância do núcleo urbano é de
aproximadamente 12 km
que podem ser percorridos em 1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos.
Assinar:
Postagens (Atom)